IV Festival de Bandas de Beja

Este post inclui vídeos dos Máscara e dos Balão Dirigível.

Realizou-se na passada segunda-feira 30 de Novembro a 1ª parte do IV Festival de Bandas de Beja, evento que já vai na sua quarta edição, organizado pela Associação Juvenil Arruaça com o principal intuito de divulgar a produção musical bejense. Do cartaz ressalta uma realidade desconhecida de muitos, nomeadamente a quantidade de músicos activos nesta cidade alentejana. Sabemos que quantidade nem sempre é sinónima de qualidade, mas o que aconteceu segunda-feira na Casa da Cultura de Beja foi uma feliz conjugação de ambas, numa maratona musical que exigiu não só algum ecletismo musical como também uma dose  de resistência física q.b..

Foi um espectáculo especial a vários níveis. Em primeiro lugar é de destacar o espírito D.I.Y. da organização do evento, com a participação de cerca de 30 voluntários; depois o facto de pelo palco da Casa da Cultura terem passado não só músicos e géneros musicais muito diferentes, mas também de terem actuado em iguais circunstâncias e condições bandas consagradas  a nível regional ou mesmo nacional - como Adiafa, Virgem Suta ou Ho-Chi-Minh - e projectos menos conhecidos ou mais jovens, como Caracol Blues, Máscara ou Balão Dirigível.

(Foto: http://www.myspace.com/balaodirigivel )

Alguns dos músicos participantes enfatizaram o facto de Beja ser uma cidade pujante  em termos de produção musical, lamentando apenas que eventos como este não sejam mais frequentes. Nada poderia ser mais verdade. Esta primeira parte do Festival revelou a  qualidade e diversidade extraordinárias da produção musical bejense: da originalidade dos Virgem Suta, à alma de Paulo Ribeiro, passando pela tradição rejuvenescida e renovada dos Adiafa, ao rock português dos Caracol Blues, à eloquência madura do metal electrónico dos Ho-Chi-Minh, terminando com a frescura disciplinada dos Máscara ou o desconcertante talento e a irreverência dos Balão Dirigível (vagamente reminiscentes de Arctic Monkeys).

(Foto: http://www.myspace.com/projectomascara )

Os Máscara e os Balão Dirigível foram, pela sua juventude, aliada à qualidade da sua  sonoridade e prestação, as grandes revelações  da noite, cheios de promessas para o futuro. Ficaremos atentos e esperamos que se concretizem.


Em suma: a organização está de parabéns pela iniciativa, dado que os objectivos ficaram  cumpridos já nesta primeira parte do Festival. Contudo, não podemos deixar de assinalar falhas ao nível da (tardia) divulgação do evento, um problema recorrente em Beja, bem como a ausência notória de um mestre de cerimónias a conduzir o espectáculo,  que se traduziu em alguma desorientação por parte do público, dando simultaneamente uma imagem de desorganização e amadorismo que contrastou quer com o evento propriamente dito como com o elaborado (e excelente) cartaz/flyer do Festival (http://www.myspace.com/arruaca).


Por outro lado, o evento pôs a nu a gritante inexistência em Beja de espaços vocacionados para este tipo de espectáculos, e a necessidade imperiosa de colmatar esta falha, tarefa  fácil e menor quando comparada com os projectos 'estruturantes' em curso na região...


Por fim, e para terminar com uma nota positiva, a actuação de músicos e bandas jovens, particularmente dos Máscara e dos Balão Dirígivel, mostra (sendo decerto apenas a ponta do iceberg) a importância e o 'efeito multiplicador' do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, mais um exemplo do que Beja possui de melhor, e que representa um grande esforço e empenho (nem sempre devidamente reconhecidos) por parte de muita gente.
 Aqui ficam os Máscara e os Balão Dirigível.