18 junho 2012

Billy News: review do concerto dos Gazua



Billy, o autor do blog Billy-News, publicou hoje uma excelente review do concerto dos Gazua no evento "Faz Música Lisboa", que divulgámos aqui no último post.

Neste texto, Billy faz uma descrição bastante detalhada e vívida do concerto, dando-nos uma ideia do ambiente que se viveu e da  recetividade entusiástica que os Gazua, uma das bandas mais interessantes e profícuas do panorama musical nacional, granjearam no último sábado nesta atuação ao ar livre, em pleno coração da capital lisboeta.

Ficam alguns dos excertos mais representativos e o link para a leitura desta excelente review na íntegra... basta clicar aqui!


"Foi cerca das 21h35 que se deu o início das sonoridades dos Gazua (houve alguns imprevistos que atrasaram a pontualidade do início marcado para as 21 horas) onde apresentaram alguns dos temas do novo disco "Transgressão", alternados com faixas dos três álbuns anteriores."

"Foi notório, logo aos primeiros ´acordes`, a banda agradou... ouvia-se bem alto os refrões de alguns temas, o pessoal agitou-se lá na fila da frente e a comunicação banda-público foi muito eficiente."

"Os Gazua largaram a zona de palco perante imensas palmas e a noite seguiu em frente, com muito convívio, muitas conversas (inclusivamente com os membros da banda) e muito calor."

15 junho 2012

Gazua amanhã em Lisboa ao vivo, a cores...e à borla!


Foto por: bruno costa | www.brunocosta.ws

Os GAZUA tocam amanhã, sábado 16 de Junho, no evento 'Faz Música', inserido nas Festas da cidade de Lisboa. O evento ocorre em 8 palcos espalhados por 8 jardins e praças da cidade. A atuação dos Gazua terá lugar num palco colocado na Avenida da Liberdade, junto ao quiosque 'Bananas', perto do Hard Rock Café. Nesse palco atuarão 6 bandas (Meu E Teu, Ciclo Preparatório, Sara Paço, Gazua, Quarteto de Bolso e Armada), a partir das 18h e até cerca da meia noite, havendo igualmente animação musical subsequente.

O concerto dos Gazua está agendado para cerca das 21 horas e a entrada é gratuita.

Trata-se pois de uma excelente oportunidade para ver os Gazua num ambiente bastante diferente do habitual, ao fim da tarde, ao ar livre e numa das principais avenidas da capital, e para ouvir alguns dos temas do seu mais recente trabalho, Transgressão. Fica a sugestão.

A abrir o apetite fica o vídeo do tema 'O Segredo':


 

08 junho 2012

Fim de semana com muita música: Asfixia, Dalai Lume e Re-Censurados


Este fim de semana a festa acontece, como tantas vezes, fora da capital, e no entanto bastante perto...

Todos os caminhos vão dar ao In Live Caffé na Moita, que, como é seu apanágio, continua a apostar em excelentes bandas do panorama nacional.

Hoje há dose dupla do melhor punk rock luso, com Asfixia e Dalai Lume.



Amanhã é a vez dos Re-Censurados, projeto de tributo aos míticos e imortais Censurados. A banda celebra o seu 3º aniversário e o número de concertos que tem dado nestes últimos três anos, um pouco por todo o país, indicia não só a popularidade que os Censurados continuam a gozar como também o mérito do coletivo que lhes presta homenagem e que dignifica e mantém vivo o seu importante legado.



Fica a sugestão...grande festa do punk rock nacional na Moita! A não perder.

 A abrir o apetite alguns registos recentemente divulgados pelas bandas intervenientes.





01 junho 2012

Lisbon's Burning 15



Já estamos em contagem decrescente para mais uma edição das Lisbon's Burning, animadíssimas DJ sessions dinamizadas pelos DJs Billy e Johnny Punk.

Depois do sucesso da 14ª edição, dedicada aos Ramones, realiza-se já amanhã mais uma edição, desta feita no bar Copenhagen, no Cais do Sodré em Lisboa.

Fica o press release do evento, assim como a sugestão de uma noite garantidamente muito divertida.

"A 15ª sessão de DJing desta dupla marca o regresso ao Copenhagen!
Estes são alguns dos que vão "passar"por lá...
RAMONES, IGGY POP, SEX PISTOLS, THE CLASH, THE EXPLOITED, ADICTS, DEAD KENNEDYS, GBH, DISCHARGE, UK SUBS, ONE WAY SYSTEM, ANTI-NOWHERE LEAGUE, ABRASIVE WHEELS, CHAOS UK, THE CASUALTIES, VARUKERS, SLAUGHTER & THE DOGS, DIE TOTEN HOSEN, FRONTKICK, SCATTERGUN, CUT MY SKIN, OXYMORON, BAD CO PROJECT, RANCID, BAD BRAINS, BAD RELIGION, L7, ENGLISH DOGS, TOTAL CHAOS, BLACK FLAG, TOY DOLLS, VICE SQUAD, VIBRATORS, LONDON, PARTISANS, BROKEN BONES, RESTARTS, CHEAP SEX, FRONTLINE ATTACK, EDDIE & THE HOT RODS, LURKERS, MENACE, THE VIRUS, STIFF LITTLE FINGERS, PETER & THE TEST TUBE BABIES, CHELSEA, 999, RATOS DE PORÃO, PERIFERIA SA, GAROTOS PODRES, FOGO CRUZADO, OS CABELO DURO, CALIBRE 12, LUTA ARMADA, CÓLERA, AÇÃO DIRETA, OLHO SECO...
...CENSURADOS, PESTE & SIDA, TARA PERDIDA, XUTOS & PONTAPÉS, GAZUA, CRISE TOTAL, PARKINSONS, MATA-RATOS, DALAI LUME, BARAFUNDA TOTAL, ACROMANÍACOS, ASFIXIA, PUNKSINATRA, R12, ALBERT FISH, DECRETO 77, ANTI-CLOCKWISE, AN X TASY, SIMBIOSE, M.A.D., SICKSIN, RAIVA!!!, 31, MÃO MORTA, CORROSÃO CAÓTICA, GRITO FINAL, VÓMITO, LOVE YOU DEAD, VENTAS DE EXTERKO...
...CAPITÃO FANTASMA, MOTÖRHEAD, PLASMATICS, MATANZA, LORDS OF ALTAMONT, THE CRAMPS, JOAN JETT, SUICIDAL TENDENCIES, CRO-MAGS, AGNOSTIC FRONT, SICK OF IT ALL, MINISTRY...
Há novidades com temas lançados recentemente, tais como das bandas que prestaram tributo aos Peste & Sida no novo disco (editado há dias), mas também de projectos como Toy Dolls, Vice Squad, Misfits, Total Chaos, Head Cat (projecto rock´n´roll de Lemmy dos Motörhead), UK Subs, Crise Total, Albert Fish, R.J.A., Gazua e mais!"


Apoios oficiais do evento:

ANDROM (loja roupa, calçado & acessórios)
http://www.androm.net/

TRIPARTE (loja tattoos, body-piercing, material para tatuadores, remoção de tatuagens)http://www.triparte-tattoo.com/

RAGING PLANET (editora dos Peste & Sida, Gazua e muitos mais!)https://www.facebook.com/ragingplanet

GLAM-O-RAMA (rock shop)http://glam-o-rama.net/

CÍRCULO DE FOGO (site)http://www.circulodefogo.com/

DELTA DATA (soluções informáticas)
http://www.deltadata.pt/

ANOTHER WAY OF LIFE (site acessórios e roupa)http://www.another-way-of-life.com/pt/

OUTSIDER (fanzine)http://www.outsiderzine.com.pt/

A CRACK IN THE CLOUD (blog)http://crackinthecloud.blogspot.com/

BILLY NEWS (blog)http://www.billy-news.blogspot.com/

 

Santa Maria Metal Fest começa hoje



O calor vai apertar em Beja este fim de semana, com mais uma edição do Santa Maria Metal Fest, que decorre hoje e amanhã, com um cartaz muito bem recheado, entrada livre e alojamento gratuito no parque de campismo da cidade.

Uma nota importante: o evento que inicialmente estava previsto para o espaço exterior da Casa da Cultura, realiza-se afinal no parque de exposições da cidade, ou seja, no recinto onde anualmente se realiza a Ovibeja.

Os concertos têm início às 20 horas e, este ano, os cabeças de cartaz são os Mata Ratos (hoje, 1 de Junho) e os Simbiose (amanhã, 2 de Junho).

Fica a sugestão, e os parabéns à Junta de Freguesia de Santa Maria e ao seu presidente, principal responsável e dinamizador deste evento.

24 maio 2012

Lisbon's Burning - 14ª edição já amanhã




Realiza-se já amanhã, sexta 25 de Maio, a 14ª edição da festa Lisbon's Burning, uma sessão de DJing dedicada às sonoridades punk assegurada pela dupla DJ Billy e DJ Johnny Punk.

Esta 14ª sessão tem lugar no Club Noir (Rua da Madalena, Baixa lisboeta), e tem um cariz temático, sendo fundamentalmente dedicada aos Ramones.

O evento, com entrada livre, tem início às 23 horas e prolonga-se até às 4 da manhã, prometendo uma noite muito animada, ao som de muitos dos temas mais emblemáticos desta banda mítica americana  (temas de estúdio, registos ao vivo e covers). Para além disso, serão igualmente exibidos vídeos/documentários alusivos aos Ramones.

Fica a sugestão, para começar da melhor forma o fim de semana que se aproxima.

Para mais informações basta espreitar a página do evento no facebook.

A abrir o apetite fica o vídeo de 'Havana Affair', interpretado ao vivo por ocasião da tournée britânica da banda em 1977.

22 maio 2012

Kamones: Novo vídeo promocional





Os Kamones dispensam apresentações e já foram objeto de diversos posts neste blog.

Trata-se de uma banda de tributo aos míticos Ramones composta por músicos bem conhecidos e reputados do panorama musical nacional: João Alves (Peste & Sida), João Ribas (Tara Perdida), Paulinho (Gazua) e Rafael (Atentado).



Com vários anos de existência e muitos concertos um pouco por todo o país, os Kamones acabaram de disponibilizar um novo vídeo promocional, que inclui vídeos e imagens de várias atuações ao vivo, e no qual se pode ouvir o tema 'The KKK took my baby away', também interpretado ao vivo.

Como as imagens testemunham, os concertos dos Kamones são bastante acalorados e despertam participações entusiásticas por parte do público.

Para mais informações sobre esta excelente banda de tributo, basta visitar a página dos Kamones no facebook.

Quanto a contatos para concertos, o email da banda é kamonestributo@gmail.com .

Fica então o novo vídeo agora disponibilizado.





15 maio 2012

Gazua: Festa de Lançamento de 'Transgressão'

Fotos de Ana Jotta, a quem agradeço a amável cedência.




A festa de lançamento do quarto álbum de originais dos Gazua, sem dúvida um dos projetos musicais mais interessantes, profícuos e inovadores do panorama nacional contemporâneo, foi devida e amplamente divulgada aqui na passada semana. Deu igualmente azo a uma entrevista com o baixista da banda, Paulinho, um músico com uma longa e respeitável carreira  que remonta à decada de 1980.

Tal como noticiado, a festa aconteceu na passada quinta-feira, 10 de Maio, no Musicbox Lisboa e decerto não deixou indiferentes - nem tão-pouco descontentes - os muitos que responderam ao apelo dos Gazua e da sua música.


Quando cheguei ao Musicbox já passava das 23.30h (os concertos a meio da semana não são fáceis...) e a atuação das Anarchicks já ia a mais de meio. Contudo, deu para perceber a boa adesão do público à sonoridade enérgica e irreverente desta jovem banda feminina que recria e pretende manter vivo o espírito do riot grrrl power.

Após a performance das Anarchicks, a fase de 'aquecimento' para o prato principal desta festa continuou, da melhor forma, pela mão do conhecido DJ Billy.



Era cerca de meia-noite quando teve início a atuação dos Gazua. Com a sala envolta numa escuridão quase total, começam-se a fazer ouvir os primeiros e inconfundíveis acordes de 'O Segredo' e surgem numa tela de grandes dimensões as imagens do excelente vídeo deste novo tema.

Terminada a projeção, os Gazua entram em palco e dão início à apresentação do novo álbum, Transgressão, apostando numa sequência de vários temas novos, nomeadamente 'Terra Prometida', 'Último abraço', 'Alma Cinzenta', 'Respira' e 'O Segredo'.



A audição destes temas permitiu confirmar as ideias transmitidas por João Corrosão sobre o novo trabalho na entrevista concedida a semana passada ao blog Billy-News, e que citamos:

"A palavra "Transgressão" transmite um pouco a nossa vontade de quebrar fórmulas e de experimentar algumas coisas que não seriam tão convencionais no nosso circuito. Não acho que este disco seja radicalmente diferente dos outros, mas houve sem dúvida essa vontade."




De facto, as primeiras impressões colhidas neste concerto fazem adivinhar um trabalho que, sem quebrar com as características muito próprias da sonoridade e do conceito dos Gazua,  leva mais longe o experimentalismo musical/instrumental, acentuando uma certa propensão para sonoridades e ambientes mais densos e rebuscados. Neste contexto, parece-nos que a opção dos Gazua de concentrar na primeira parte do concerto um número significativo de temas novos foi acertada, satisfazendo a curiosidade do público e beneficiando de um grau de concentração que inevitavelmente se vai diluindo ao longo do espetáculo.




A segunda parte do concerto foi, assim, dominada por vários dos muitos temas fortes que recheiam os (anteriores) três álbuns de originais que os Gazua editaram entre 2008 e 2010, tais como 'Reescrever a História', ''Ouvi Falar de Ti', 'Para Todos', 'Preocupa-te' e 'Queremos a Música de Volta'. São de resto temas bem conhecidos e muito apreciados pelos muitos e fieis fãs que a banda tem ido granjeando ao longo da sua profícua carreira. Assim sendo, foi notória uma mudança de atitude do público que, se até então escutara com atenção e curiosidade os temas novos, dava agora largas à participação e à interatividade que caracterizam de resto os concertos desta banda. Houve assim uma grande expansividade e refrões cantados em plenos pulmões, particularmente nos temas 'Para Todos' e 'Queremos a Música de Volta'.






Em clima de grande calor e festa, o anúncio de João Corrosão de que o concerto chegara ao fim mereceu expressões de desagrado e de inconformismo, e não tardou muito que os Gazua regressassem ao palco para um encore que fez as delícias dos apreciadores. Com humor, João Corrosão afirmou que estavam muito cansados e deu início a uma versão acústica e a 33 rotações do tema 'Vontade de Gritar' para, passados alguns momentos, parar e afirmar enfaticamente "Não estamos assim tão cansados!", conferindo à música o seu ritmo acelerado, e restaurando a sonoridade plena dos instrumentos, o que causou uma resposta imediata e entusiástica da assistência.








O concerto terminou por volta da 1.15h em clima de grande festa com o tema 'Fazia Tudo Outra Vez'. Findo o concerto, a missão estava cumprida e o pessoal depressa começou a debandar...para alguns, o dia seguinte era de trabalho, após uma noite mal dormida mas com a satisfação de terem testemunhado um grande concerto. Para outros, a festa prolongou-se ao ar livre, envoltos no calor morno de uma magnífica noite lisboeta de verão (antecipado), onde apenas se fazia sentir a ténue mas inconfundível brisa do Tejo...e às voltas na memória soava ainda o novo tema que ficara no ouvido...'Respira!'

Setlist do concerto:

Terra Prometida
Último Abraço
Alma Cinzenta
Respira
O Segredo
Reescrever a História
Ouvi Falar de Ti
Para Todos
Noite Ritual
O Rio Embala-me
Preocupa-te/Esta Gente
Queremos a Música de Volta

Encore:
Vontade de Gritar
Fazia Tudo Outra Vez

12 maio 2012

Booster: novo videoclip

Os Booster apresentaram recentemente o videoclip do tema 'Linha Vermelha', incluído no seu álbum de estreia, Conceito. O tema conta com participação especial (voz) de Johnny Lee, dos Miss Lava.





Fica também a informação dos próximos concertos de apresentação do novo trabalho:

19 Maio - Casa da Cultura de Mira Sintra - 17H00
19 Maio - SESIMBRA ROCK'S - Sesimbra - 22H00

Para mais informações sobre esta banda nacional e o seu trabalho basta visitar o sítio da banda no facebook, em www.facebook.com/booster.rock.

09 maio 2012

Gazua: festa de lançamento de 'Transgressão'



 
É sem dúvida o evento em especial destaque esta semana.
É já amanhã, quinta-feira, 10 de Maio, que os GAZUA apresentam o seu quarto álbum de originais com o título Transgressão.


O evento tem lugar no Music Box, em Lisboa, com início marcado para as 23 horas.
Conta com a atuação da banda convidada Anarchicks e também do DJ Billy, que ajudarão decerto a aquecer o ambiente. Contudo, o prato forte da noite é, sem dúvida, o concerto dos Gazua e se haverá bastante expetativa relativamente à apresentação dos temas do novo trabalho, os muitos fãs da banda estarão igualmente desejosos de ouvir algumas das músicas fortes dos três trabalhos anteriores.

Promete ser uma noite memorável, pelo menos com muito boa música e bastante animação. Fica a sugestão.

A abrir o apetite, ficam os vídeos teaser do concerto e o vídeo de um dos temas do novo trabalho, 'O Segredo'.





08 maio 2012

Entrevista a...Paulinho (GAZUA)



O lançamento do mais recente trabalho dos Gazua, Transgressão, está agendado já para a próxima quinta-feira 10 de Maio e constitui sem dúvida um dos acontecimentos musicais do ano. Este trabalho vem de resto confirmar aquela que é uma característica surpreendente desta banda, e talvez ímpar no panorama nacional, nomeadamente a sua enorme proficuidade: trata-se do quarto álbum de originais produzido no espaço de pouco mais de quatro anos.

A apresentação deste novo trabalho dos Gazua constituiu o pretexto ideal para conversarmos com Paulinho, baixista da banda lisboeta, com o intuito não só de sabermos um pouco mais sobre os Gazua e sobre este Transgressão mas também, e principalmente, de ficarmos a conhecer melhor este músico cuja carreira musical se iniciou na década de 1980.


Olá, Paulinho! Uma vez que alguns leitores poderão não te conhecer, podes fazer uma breve apresentação?

Olá a todos, sou o Paulo Seixas, mais conhecido por Paulinho, tenho 39 anos sou da zona de Lisboa, (Alvalade, Portela, Alfornelos), neste momento vivo em Alfornelos e toco em bandas desde 1987. Sou desde 2006 o baixista de Gazua e desde 2001 baixista de Kamones.


(Paulinho com Kamones em Beja (2011)


Ou seja, apesar de integrares os Gazua, desde 2006, a tua carreira musical abrange as últimas três décadas e projetos musicais bastante diferentes…

Sim é verdade, desde a minha 1ª banda em 1987 (Os Massacrados do Pós Guerra - MPG), uma banda com toques de punk rock; depois entrei para JARDIM DO ENFORCADO (1988-1990) que tinha uma vertente mais gótica, onde se encontravam também o industrial o experimental, isto tudo numa vertente muito teatral. Em 1992 juntei-me com uns amigos e fundámos os M.A.D. – Mau Aspecto Demais, onde toquei até 2008. Os M.A.D. são uma banda assumidamente punk rock, desde as letras, a música até à atitude. Pelo meio, em 2000 começo a tocar baixo numa banda com o nome de SPITZBUBEN, numa onda Crust com muitas influências da Suécia e da Escandinávia. No ano seguinte entro para KAMONES (2001), a minha segunda banda a tocar baixo. Os KAMONES são uma banda de versões de Ramones que continua a tocar até os dias de hoje. Finalmente entro para os GAZUA em 2006, já numa vertente mais aproximada do rock, também como baixista, onde permaneço até hoje e onde vou lançar o 4º álbum de originais na próxima quinta dia 10 de Maio no Musicbox. 


O que é te fez ingressar no mundo da música? Foi uma decisão pensada ou algo casual, que acabou por acontecer?

Penso que não foi uma decisão pensada mas algo que aconteceu naturalmente, devido ao meu interesse crescente pela música, o bichinho que está cá dentro no sangue e como tinha uma guitarra clássica em casa foi fácil começar a tocar. Entretanto também fui para uma escola de música e a partir daí comecei a tocar guitarra eléctrica e só bastante mais tarde é que comecei a tocar baixo eléctrico. Foi uma inclinação natural, acho eu.

Dado o teu conhecimento ‘de dentro’ do meio punk/underground português das últimas três décadas, qual é a tua avaliação dessa história e da forma como o meio se tem alterado/evoluído?

Penso que há sempre mudanças dentro de qualquer estilo, ou grupo, ou meio musical, até porque as próprias pessoas mudam e há sempre as novas gerações, que já vivem numa época também ela diferente. Acho que acima de tudo o meio punk continua vivo em Portugal, pode ser um meio pequeno, diria até bastante limitado, pois também ninguém pega nas bandas de punk, não há muito por onde evoluir e as bandas são estranguladas nos mesmos circuitos de sempre.



Como é que é ser músico e fazer música em Portugal neste momento?

É muito difícil viver da música numa banda de originais em Portugal, talvez 90% dos músicos não vivam só da sua banda de originais e por isso desdobram-se em vários projectos para fazer algum dinheiro no final do mês, seja a dar aulas, a fazer trabalho de roadie, de técnico de som, a tocar em bandas de versões, etc, etc.

Fala-nos um pouco dos teus gostos musicais e das bandas que te marcaram e que te têm influenciado em termos musicais.

São muitas as bandas de que gosto e de décadas muito diferentes e muitas são grandes referências para mim, por isso vou referir muitas. Os meus gostos musicais vão desde a década de 50, com os blues e o rock&roll, como B.B. King, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis, os anos 60 são muito importantes para mim, com Rolling Stones, Velvet Underground, Stooges, Love, Tens Years After, Jimy Hendrix, YardBirds, MC5, Beatles, Doors, Animals, Led Zepplin, Bob Marley, David Bowie e tantos outros que fizeram desta década uma das mais ricas da história da música na minha opinião. A década de 70 também é muito boa e rica e com o aparecimento de grandes referências para mim, tais como: Ramones, Motorhead, AC/DC, New York Dolls, Damned, UK Subs, Dead Boys, Buzzcocks, Misfits, Dead Kennedys, Cure, Patti Smith, Bauhaus, Joy Division, Clash,etc, etc.
A década de 80 é talvez a mais rica de todas, com o gótico e vanguarda, o pop e o futurismo em alta por quase todo o mundo. Também o metal está em alta, a segunda vaga do punk ( bastante mais agressiva) continua muito presente. Enfim destacaria: Cult, Misson, March Violets, Virgin Prunes, Birthday Party, Ausgang, Jad Wio, Scientits, Christian Death, Sex Gang Children, Rose of Avalanche, Stiff Kittens, Inca Babies, Varukers, Discharge, Broken Bones, Chaos UK, Exploited, GBH, etc , etc. A década de 90 tem muito de crust e do bom, como Anti-Cimex, Rattus, Driller Killer, etc, mas é nesta década que surge o fenómeno designado de grunge e aí destacam-se: Nirvana, Pearl Jam, os grandes Alice in Chains, Soundgarden e claro os Faith No More. Vou só referenciar mais umas bandas que gosto, são elas: Iron Maiden, Megadeth, Ministry, Pixies, Siouxsie and the Banshees, Anti Nowhere League, Crise Total, Censurados, Peste e Sida, Xutos, Kú de Judas, Mão Morta, M’as Foice, Ena Pá 2000, Morituri e muitos mais.      

Uma cena insólita que te tenha acontecido na tua carreira musical…

Tantas cenas…concertos acabados pela polícia, desligaram-me a guitarra (o cabo) 5 ou 6 vezes no mesmo concerto, roubaram-me o baixo no dia de um concerto e eu fiquei sem baixo para tocar e por aí em diante.

Um concerto inesquecível em que tenhas participado…

Palco 25 de Abril na Festa do Avante em 2009 com Gazua.




Um concerto inesquecível a que tenhas assistido…

Tantos…Peter Murphy no Pavilhão do Restelo em 87…

Imagino que em mais de vinte anos de carreira também tenhas mudado e evoluído…

Claro que sim, todo o mundo é feito de mudança…e também eu próprio.



Agora em relação aos Gazua… Conta-nos como ingressaste no projeto.

A convite do João dos Gazua, fui experimentar um ensaio e estou lá até agora…

E que balanço fazes da carreira da banda?

É lógico que o balanço é muito positivo em termos de realização pessoal pois em 5 anos produzimos 4 álbuns de originais e isso para mim é o mais importante. Penso que a nossa onda do ‘Do It Yourself’ é também uma das melhores virtudes que podemos tirar desta banda, que já podia ter tido um pouco mais de sorte pelo trabalho intensivo que tem vindo a realizar…mas não depende só de nós! Estamos aí!



Os Gazua contam já com quatro álbuns de originais: Convocação (2008), Música Pirata (2009), Contracultura (2010) e este Transgressão. Tens algum preferido (e se sim, porquê)?

Gosto de todos mas penso que o Música Pirata dos 3 é o melhor! Tem músicas muito fortes, a banda evoluiu bastante e isso notou-se no álbum. Para mim é sem dúvida um grande disco.

4 álbuns de originais em pouco mais de 4 anos: qual é o segredo da extraordinária proficuidade dos Gazua?

Penso que a criatividade, experiência e cultura musical e principalmente o método de trabalho e a maneira como a banda funciona, todos a remar para o mesmo lado.



Quais são para ti as características distintivas dos Gazua no panorama musical nacional?

O trabalho que a banda realiza, bastante intenso e querer sempre abrir novos portões na música, experimentar cenas…novas (se isso ainda é possível já não sei, mas com a nova legislação…). Vamos continuar a explorar…

Pode-se dizer que Gazua é punk?

Penso que não…pode ter influências mas não é punk.

Tens uma ideia de quantos concertos é que os Gazua já deram? Tens algum/alguns preferidos e que queiras mencionar?

Não sei ao certo, por volta de 100, talvez mais, talvez menos. Além do que já referi, tive vários bons concertos, como abrir para Jello Biafra, Peste e Sida, o Faro Alternativo, etc. Claro que com Gazua o lançamento do Música Pirata em 2009 (no Hospital Júlio de Matos) e o lançamento do Contracultura em 2010 (no Cinema S. Jorge) foram duas datas importantes para a minha carreira pessoal.


Como é que funciona a produção/conceção dos vossos trabalhos? Trabalham mais em termos individuais ou em conjunto?

Um pouco das duas, mas realmente fazemos muito trabalho em conjunto, especialmente antes das gravações dos álbuns. Eu e o João fazemos um trabalho bastante intenso e às vezes juntamo-nos vários dias só para trabalhar nas músicas. O João é que faz o trabalho do artwork, as capas, todo o design da banda, os videoclips , etc. Claro que também já tivemos ajuda de muitas pessoas e agradeço a todos os que nos apoiaram…Obrigado!  



E quanto a Transgressão: em que medida em que se aproxima/diferencia dos trabalhos anteriores? O que é que os apreciadores/conhecedores de Gazua podem esperar deste trabalho?

É um disco maduro, penso eu; vai de encontro às nossas influências, às nossas raízes musicais e continua com boas mensagens, dou o exemplo da letra do ‘Ritmo das Palavras’. Penso que é um dos melhores álbuns de Gazua e também demonstra a coesão de ideias que continuam a surgir de forma natural nesta banda.

Imagino que cada trabalho seja uma experiência diferente e com desafios novos e/ou distintos. Que desafios é que este novo trabalho colocou ou como foi a experiência de conceção do trabalho?

É sempre a mesma história, estamos sempre a evoluir e gravar um disco requer muita coisa! Por isso cada álbum é um desafio, no fundo é também isso que nos faz continuar, novos desafios!


(Foto de Francisco Rosário)



Finalmente gostava que levantasses a ponta do véu sobre o concerto de apresentação deste novo trabalho! O que é que os fãs de Gazua podem e devem esperar?

Em primeiro lugar um regresso dos Gazua aos palcos …em Lisboa; depois o lançamento do TRANSGRESSÃO, o 4º álbum de originais da banda. Além disso temos o nosso novo baterista e um convidado especial. As ANARCHICKS vão abrir o concerto e o DJ BILLY vai estar no tumulto da noite. Penso que vai ser bom!

Agradecimentos a todos que nos dão força para continuar!

Resta-nos agradecer também ao Paulinho pela disponibilidade para esta entrevista e desejar-lhe e aos Gazua muito sucesso com este novo trabalho de originais, com data de lançamento já na próxima quinta-feira, 10 de Maio.

Fica o cartaz do evento:


03 maio 2012

DJ Billy: Sessão dedicada aos Gazua é já amanhã




É já amanhã que o DJ Billy regressa ao Line Up Bar (Alcântara, Lisboa) para mais uma das suas muito apreciadas e concorridas DJ sessions dedicadas às sonoridades punk.

Contudo, esta será decerto uma festa muito especial, uma vez que antecipa e é dedicada ao lançamento do novo trabalho dos Gazua, Transgressão, agendado para o próximo dia 10 de Maio (no Music Box, Lisboa) e que promete ser um dos acontecimentos musicais do ano.





O DJ Billy já anunciou também no seu blog, Billy-News,  que os membros dos Gazua estarão presentes na festa de amanhã, o que permitirá aos amigos e fãs não só confraternizarem com eles como também ficarem a saber um pouco sobre este novo e muito aguardado trabalho.

Fica a sugestão, é mesmo uma festa imperdível e com entrada gratuita, à medida dos tempos que vivemos.

A abrir o apetite fica o vídeo do tema de avanço deste novo trabalho, 'O Segredo'.




02 maio 2012

R12 e SickSin: Próximo Concerto





Depois de um excelente concerto há algumas semanas em Setúbal, Os R12 e os SickSin voltam a juntar-se para mais uma festa da última geração do punk rock nacional que promete animar o próximo fim-de-semana. Fica a sugestão, vai valer a pena ir ao Inlive Caffé (Moita) no próximo sábado!

A abrir o apetite aqui ficam alguns registos recentes destas bandas ao vivo.






27 abril 2012

Capitão Fantasma e Punk Sinatra: Concerto já amanhã




Fica a sugestão de mais um evento imperdível, o concerto dos Capitão Fantasma e dos Punk Sinatra, agendado já para amanhã, sábado 28 de Abril, na Caixa Económica Operária (Graça, Lisboa), a partir das 22 horas.

Para mais informações basta espreitar a página do facebook desta prometedora 'Punk n´Roll Party' promovida pela SRM - Sandra Russa Music.

26 abril 2012

Peste & Sida: Próximos Concertos



Após os concertos de lançamento do livro biográfico e do CD de tributo comemorativos dos 25 anos da banda, os Peste & Sida atuam já amanhã, 27 de Abril, em Coimbra e no dia seguinte em Leiria. Uma oportunidade imperdível para ver ou rever esta banda de referência nacional.




A abrir o apetite ficam alguns vídeos captados por altura do lançamento do último trabalho dos Peste, que teve lugar em Maio de 2011 no Santiago Alquimista.




25 abril 2012

Revista Outsider: Última edição


Não podemos deixar de fazer referência ao número 42 da revista Outsider, que constituiu igualmente a última edição desta fanzine nacional, e refletirmos um pouco sobre o papel relevante que esta publicação desempenhou.

É com muita pena que assistimos ao fim deste projeto editorial DIY que ao longo três anos e meio - 42 meses - desempenhou um importantíssimo papel ao nível da divulgação musical/cultural do meio dito alternativo ou underground nacional, especialmente (mas não só) no âmbito do punk rock. Ao longo de 42 edições, e com um cariz mensal, a Outsider deu a conhecer projetos musicais emergentes, partilhou opiniões críticas sobre concertos ou novos trabalhos de bandas internacionais e nacionais, divulgou eventos musicais, transportou-nos até ao quotidiano das salas de ensaios com a interessante rúbrica "Uma Visita a...", e permitiu-nos conhecer mais de perto os protagonistas do meio musical punk rock nacional, através de entrevistas muito interessantes e por vezes com um formato pouco convencional. Para além do conteúdo musical, a revista incluía também rúbricas de opinião, que versavam sobre a atualidade política, social e cultural, sugestões de leitura/cinema, trabalhos de cariz gráfico artístico, para não falar no excelente e criativo artwork das suas capas, da autoria da artista/designer Sara Franco.


(Capa OTS nº 16 - Outubro 2009)


Para além disso, a equipa editorial da Outsider foi responsável pela organização de 4 festivais musicais, que reuniram bandas menos ou mais conhecidas, menos ou mais experientes e 'instituídas'/consolidadas no panorama nacional, tais como PHT, R12, FPM, Desobediência Geral, Un-Predictable, SickSin, Asfixia, Acromaníacos, Simbiose, Boca Doce, Re-Censurados, Barafunda Total, Kamones, Mr Miyagi, Albert Fish, Dalai Lume, Punk Sinatra, Gazua, Crise Total, entre outros. Nestes eventos, que contaram ainda com a participação do DJ Billy, reinou sempre uma atmosfera muito animada, acolhedora e totalmente DIY e houve ainda bancas de artesanato, de merchandising das bandas e da própria zine.


(Cartaz do Festival Outsider 1)



(Gazua - Festival Outsider 1)


(Boca Doce - Festival Outsider 2)



(Kamones - Festival Outsider 3)


(Punk Sinatra - Festival Outsider 4)

Se a revista se caracterizou sempre pelo rigor, pela seriedade e pela qualidade gráfica e informativa, este último número reúne todas estas características e eleva-as a um nível de excelência, o que o torna um exemplar imperdível e colecionável. Trata-se de uma edição consideravelmente mais extensa do que o habitual, com cerca de 70 páginas e um manancial de conteúdos informativos extremamente interessantes e que primam pelo estilo informal que marcou as 42 edições desta revista.



(Capa do nº 42, Janeiro 2012)

Destacamos, a título meramente exemplificativo, as entrevistas aos Atentado, aos SickSin e aos Alien Squad, as reportagens dos concertos dos Corrosão Caótica+Luvdaxit+Osso Duro de Roer e dos Yellowcard (entre outros), as reviews de 'Based on a True Story' (Sick of It All) 'Bad as Me' (Tom Waits), 'Moscow Penny Ante' (Dead to Me), 'Teenage Rampage' (Dangerous), 'A Flash Flood of Colour' (Enter Shikari) (entre outras), as Visitas a Dalai Lume e Tara Perdida, e as mini e pouco convencionais entrevistas a João Corrosão (Gazua), Manelito (Re-Censurados, Orlando Cohen (Porta Voz), Rafael (An X Tasy) e Rattus (Albert Fish).

Esta última edição inclui ainda sugestões de cinema (por exemplo, dos filmes 'Control' e '24 Hour Party People', entre outros), e vários artigos de opinião que versam sobre temas tão diferentes como o pop punk, a herpetologia, curiosidades do mundo da música, a voz como instrumento, o Plano Nacional de Barragens, as vacinas, a cidadania, os cães/animais de estimação ou a música de protesto.


Repetindo o ciclo da vida, os projetos nascem, crescem, amadurecem e, mais cedo ou mais tarde, acabam por terminar. Contudo, o fim da revista Outsider é uma perda significativa e a lamentar, em termos culturais em geral, e em particular no que concerne à divulgação, à promoção e à dinamização de projetos e de eventos musicais nacionais, especialmente de cariz alternativo e underground. Fica um vazio que esperamos venha a ser preenchido por outros intervenientes/projetos mas, entretanto,  ficamos todos a perder: os leitores, as bandas, os promotores dos eventos que a Outsider promovia/divulgava.

Resta-nos deixar aqui uma palavra de apreço e de reconhecimento pelo trabalho, empenho e  esforço que a equipa Outsider desenvolveu ao longo destes três anos e meio em prol da cultura DIY e da música alternativa nacional. Obrigada Diana Rosa, João Ribas, Bruno Break, Bruno Mota, Catarina Ramalheira, Frederico Relha, Maria Frade, Billy, Hugo Rebelo, Paulo Medeiros, Luís Silvério, Sara Franco e Ana Pereira.



É possível adquirir este e outros números  da revista Outsider através do endereço outsider.email@gmail.com , do site da revista www.outsiderzine.com.pt e da página do facebook.

24 abril 2012

Eletro Cordel: Concerto


Os Electro Cordel e os O Quarto Fantasma atuam hoje na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro (Telheiras, Lisboa). Fica a sugestão deste interessante evento cultural/musical, organizado pelo Cineclube de Telheiras, com início marcado para as 21.30h e entrada gratuita.
Para mais informações basta espreitar os sites das bandas participantes ou do promotor do evento:


ELETRO CORDEL:



O QUARTO FANTASMA:


Organização:

CINECLUBE DE TELHEIRAS

Blog:



facebook:

16 abril 2012

Peste & Sida: 25 Anos de Rock de Combate



Não é preciso ser entendido em matéria de música ou conhecer de perto o meio musical para perceber o que significa para uma banda atingir 25 anos – um quarto de século – de existência. Uma banda é uma estrutura coletiva relativamente frágil e permanentemente instável, que tem de ser construída, defendida e consolidada a cada dia. Não é como uma família (mesmo em stress!), onde os laços de sangue funcionam como uma potente cola de contato que dirime diferenças e conflitos de geração ou de personalidade. Não é como um grupo de amigos, que se junta à mesa ou em festas e concertos para celebrar o que a vida tem de melhor e que tantas vezes se esfuma ao primeiro revés.


Uma banda é um conjunto de indivíduos unidos pelo gosto de fazer música que, como as famílias e os grupos de amigos, têm personalidades distintas e por vezes conflituantes. Um conjunto de pessoas com vidas paralelas, dinâmicas, complicadas e por vezes difíceis de conjugar. A estes aspetos alia-se ainda a evolução, por vezes em direções diferentes, dos gostos, das tendências e dos percursos musicais, ou o desgaste inevitável que as longas horas de ensaios, de estrada e de concertos operam sobre as relações pessoais. Por fim, não podemos esquecer o cansaço que um projeto sem prazo de validade pode causar e que tende a aumentar com a passagem dos anos, com os altos e baixos de uma carreira sem garantias.



Foi a partir desta breve reflexão que tentei apreender ou apreciar devidamente o que significam os 25 de carreira dos Peste & Sida, assinalados com a edição de um livro de cariz biográfico, da autoria de Renato Conteiro e Augusto Figueira, com um CD de tributo em que participaram quase duas dezenas de bandas nacionais, e com dois concertos de apresentação do livro e do CD. O concerto de Lisboa teve lugar na passada sexta-feira, 13 de Abril, em Lisboa, e o do Porto está agendado para o próximo sábado, 21 de Abril, no Hard Club.





Pouco passava das 23 horas quando entrei na República da Música, excelente recinto de concertos, localizado em Alvalade, zona central da capital investida de uma forte carga histórico-cultural e simbólica, por ter constituído, na segunda metade dos anos 80, um dos epicentros da chamada terceira vaga do movimento punk em terras lusas. Os Peste já tinham começado a sua atuação, a sala ampla encontrava-se praticamente cheia e o calor era já notório. Com dificuldade avancei por entre um mar de gente, até chegar a um local próximo do palco, de onde pudesse ver o concerto. À medida que avançava ia notando a composição do público, onde se misturavam muitas caras conhecidas do meio musical com familiares, amigos e fãs da banda, maioritariamente nas faixas etárias dos 30 e dos 40 anos, mas com uma presença assinalável de malta mais jovem, a provar a popularidade que os Peste & Sida têm conseguido granjear e manter ao longo de mais de duas décadas de atividade.


Chegada ao local escolhido para apreciar o espetáculo, já se ouvia o segundo tema da noite 'Está na tua mão' e o entusiasmo do público era manifesto. Estava visto que o pessoal estava ali de corpo e alma, empenhado em dar o seu melhor e em desempenhar um papel proativo nesta grande festa do (punk) rock nacional. O entusiasmo deste público rendido desde o primeiro minuto era partilhado (e amplificado) pela postura da banda, e o concerto foi dominado por uma forte interação e um clima de grande cumplicidade e de perfeita sintonia entre os músicos (com especial destaque para o vocalista/baixista e frontman, João San Payo) e a assistência.


Foi de resto este o clima que reinou e que se intensificou ao longo da hora e meia seguinte, à medida que desfilavam temas dos sete álbuns de originais que a banda editou entre 1987 e 2011. Apesar de os clássicos incontornáveis, como ‘Carraspana’, ‘Furo na Cabeça’, ‘Sol da Caparica’, ‘Alerta Geral’, ‘Paulinha’ ou ‘Gingão’ (para mencionar apenas alguns) terem levado a plateia ao rubro, desencadeando algumas eclosões de mosh entusiástico e de crowd surf, os temas dos trabalhos mais recentes – como ‘Cai no Real’, ‘Já Foste’, ‘Estrela da Têvê’ ou ‘(Tu És) Só Mais Um’ – foram também bem recebidos e muito participados, com muita gente a cantar os refrões e vários conhecedores a reproduzir mesmo as letras da primeira à última palavra.


Uma das particularidades do evento, e que lhe conferiu sem dúvida um cariz ainda mais especial, foram as intervenções dos vários convidados especiais, e em particular de antigos membros da banda. Orlando Cohen participou no tema ‘Família em Stress’ e Nuno Rafael em ‘Orgia Paroquial’; a subida ao palco de João Pedro Almendra causou grande efusão no público e levou a multidão ao rubro com a sua interpretação de ‘Paulinha’, um dos temas mais populares dos Peste. Outras participações especiais incluíram Jonhie (Simbiose), no tema ‘Alerta Geral’, e Ian Mucznik (Rat Swinger) em ‘Revolução Rock’.


O concerto terminou, já no encore, de forma catártica e num clima bastante acalorado e festivo, com um palco apinhado e com os Peste acompanhados não só dos convidados já mencionados mas também de João Ribas, Ruka e Jaime dos Tara Perdida, chamados ao palco por João San Payo para participarem no tema ‘Chuta Cavalo’, que a banda interpretou no CD de tributo incluído no livro comemorativo dos 25 anos dos Peste & Sida (ver vídeo do tema num post anterior).



(João San Payo, João Ribas e João Pedro Almendra)


Terminado o concerto, pouco antes da 1h da manhã, a festa continuou, com muita animação e convívio, especialmente na zona do bar e junto à banca de merchandising dos Peste, onde o livro comemorativo Peste & Sida: 25 anos de Veneno e o CD de tributo (incluídos na entrada) podiam ser levantados e autografados pelos membros da banda, o que contribuiu para prolongar (e individualizar) a proximidade e a estreita interação estabelecida entre os Peste e o público e que pautou este concerto que perdurará decerto na memória. Numa ação espontânea, e que rapidamente se disseminou, muitos foram aqueles que decidiram imortalizar a noite ‘personalizando’ os seus livros com autógrafos dos amigos, conhecidos e ainda de outros músicos presentes no evento e referidos no livro.

A noitada de música continuou pela noite fora, até ao encerramento do espaço, por volta das 4 da manhã, assegurada pelos DJs Billy e Dub Dub. Pela mão do DJ Billy continuámos a percorrer três décadas de punk rock nacional e internacional, a confirmar (para quem tiver dúvidas) que o punk, tal como as famílias, os amigos ou as bandas, é uma entidade dinâmica, pautada por diversas influências, tendências e mutações, mas que continua bem vivo e de boa saúde, renascendo e renovando-se a cada novo trabalho, e a cada concerto, quer de bandas consagradas e/ou de longa carreira como os Peste & Sida, quer também de bandas mais jovens e menos conhecidas que compõem o meio musical dito underground. Bandas que, não obstante as múltiplas dificuldades que todos enfrentamos nesta era negra do capitalismo darwinista, continuam a utilizar a música como uma forma de comunicação coletiva de valores humanistas, democráticos e de crítica social e política. Os 25 Anos dos Peste & Sida comprovam que quer lhe chamemos punk, quer rock de combate (uma expressão muito utilizada no livro comemorativo), este rock rápido, rebelde, crítico, desafiante e interventivo continua a fazer sentido e a ser cultural e socialmente pertinente e necessário.

Tal como se pode ler numa das citações de abertura do livro Peste & Sida 25 Anos de Veneno,  “punk não é só a música. Punk é um estilo de vida”. É essa forma de estar na vida que está patente na obra que os Peste edificaram ao longo do último quarto de século e nos trabalhos mais recentes da banda, Cai no Real (2007) e Não Há Crise (2011), e que mais uma vez se materializou neste concerto especialíssimo que promete repetir-se no Porto, já no próximo dia 21 de Abril. Para citar os próprios Peste (no tema ‘Chegámos ao Fim’), “segurem-se!”

Fica o alinhamento do concerto e um vídeo do medley final.

Uma extensa reportagem fotográfica do concerto pelo fotográfo Vítor 'Schwantz' Barros encontra-se disponível aqui.

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Setlist/alinhamento:

História de Loucos
Está na Tua Mão
Cai no Real
Já Foste
Carraspana
Bule Bule
Família em Stress (c/ Orlando Cohen)
Furo na Cabeça
Alerta Geral (c/ Johnie)
Revolução Rock (c/ Ian Mucznik)
Sol da Caparica
Cidade Veneno
Estrela da Têvê
Orgia Paroquial (c/ Nuno Rafael)
Canção de Lisboa
Funky Riot
A História é Velha
Paulinha (c/ João Pedro Almendra)
Gingão/Reggaesida
Chegou a tua Hora

Encore:
(Tu És) Só Mais Um
Alcides Pinto
Peste Até ao Fim
Medley (Veneno+Portem-se Bem+Chuta Cavalo)