A realização de uma animada festa de tributo aos Censurados (referida em posts anteriores), no sábado passado no agradável e acolhedor In Live Caffé (Moita), que contou com a participação da banda Re-Censurados e do DJ Billy, e que incluiu a projecção de um filme documentário, fez-me reflectir sobre a contínua popularidade desta banda extinta em 1994.
Se as subculturas musicais portuguesas fossem um objecto sério de estudo na nossa academia, como acontece por exemplo no mundo anglo-saxónico, os Censurados seriam decerto um interessante case study.
Se as subculturas musicais portuguesas fossem um objecto sério de estudo na nossa academia, como acontece por exemplo no mundo anglo-saxónico, os Censurados seriam decerto um interessante case study.
Volvidos 15 anos do seu desmembramento, os Censurados continuam a possuir um imenso séquito de fãs de diversas gerações, duas bandas que lhes prestam tributo (100 Surrados e Re-Censurados), um livro (Censurados até Morrer!), vários websites e blogs que lhes são dedicados, e inclusivamente uma petição online, com quase 500 assinaturas, a solicitar que se juntem para um derradeiro concerto.
O que é que explica esta dedicação e esta espantosa e persistente popularidade - ímpar em Portugal - de uma banda há muito extinta, ainda mais numa altura em que a produção musical nunca foi tão abundante e acessível?
O livro de Augusto Figueira e Renato Conteiro Censurados até Morrer! (2006) (ver post anterior sobre o livro) oferece-nos algumas pistas. Um factor determinante terá sido a personalidade irreverente e a postura inconformista e transgressora dos membros da banda e a relação de grande proximidade que criaram com os fãs / amigos desde a sua formação, algo que está muito bem descrito no livro. Muitos fãs assistiram literalmente à génese dos Censurados, nos vários locais do bairro de Alvalade onde a malta parava, nos ensaios na casa do Ribas, ou no primeiro concerto no Bar Oceano (2 de Setembro de 1989)…
Rapidamente a banda congregou uma verdadeira legião de fãs, de diferentes estilos/subculturas, que os seguia e enchia os seus concertos frenéticos e electrizantes, num espírito de grande proximidade e comunhão: “Desde o primeiro concerto que o mosh, o stage diving, o crowd sufing e até o head banging se tornaram uma constante nos concertos da banda” (Conteiro e Figueira, 2006: 42).
(...Continua no próximo post)
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