04 novembro 2009

Vans Off the Wall: O Punk ao serviço de uma marca global

Aqui ficam as impressões de um evento noticiado a semana passada...

Vans off the Wall, o evento de música punk rock organizado pela marca desportiva Vans, que se realiza anualmente e simultaneamente em várias cidades europeias, decorreu na passada sexta-feira 30 (e pela primeira vez) em Lisboa. (...)
Os Boca Doce foram os primeiros a actuar perante uma sala já muito composta e repetiram o sucesso da recente e electrizante performance no Festival Outsider II.(...)


À semelhança do que sucede com um número significativo de jovens bandas da actualidade, a herança sonora dos Tara Perdida é bastante perceptível no trabalho dos Fita Cola.(...)


Apesar do discutível alinhamento das bandas, em termos de qualidade musical o evento satisfez amplamente (...)
Contudo, Vans Off the Wall não foi propriamente uma “music fest” (festa da música), mas primordialmente uma “brand fest”, uma noite de celebração – e glorificação – de uma marca global, no contexto de uma imaginativa campanha de marketing (...)


“I got a laptop baby”, o verso repetido até à exaustão pelos Humble, constituiu talvez a imagem perfeita do espírito comercial e do apelo consumista que imperaram neste evento, e também da sociedade em que vivemos, magistralmente retratada pelos Peste e Sida em “Cidade Veneno”.


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Informação sobre a marca Vans também disponível clicando em "comentários".


Aqui fica "Laptop", a música dos Humble mencionada.

2 comentários:

  1. Vans off the Wall, o evento de música punk rock organizado pela marca desportiva Vans, que se realiza anualmente e simultaneamente em várias cidades europeias, decorreu na passada sexta-feira 30 (e pela primeira vez) em Lisboa, no Santiago Alquimista.

    O espectáculo teve início pelas 22 horas e contou com a actuação das bandas portuguesas Boca Doce, Fita Cola e Humble. Os Boca Doce foram os primeiros a actuar perante uma sala já muito composta e repetiram o sucesso da recente e electrizante performance no Festival Outsider II. O público, na sua grande maioria adolescente, correspondeu desde o 1º minuto e no fim da breve actuação da banda (30 minutos) pediu mais, mas o vocalista José Clementino explicou que a organização não o permitia.

    Já com casa cheia, seguiram-se-lhes os Fita Cola, a banda de Coimbra que o público jovem demonstrou conhecer muito bem, cantando na íntegra a quase totalidade das músicas, com excepção de “Confusão de Ideias”, um tema inédito do anunciado próximo trabalho. À semelhança do que sucede com um número significativo de jovens bandas da actualidade, a herança sonora dos Tara Perdida é bastante perceptível no trabalho dos Fita Cola. A postura humilde, de grande proximidade e interacção com o público foram aspectos visíveis durante a actuação desta banda e, fazendo jus ao nome, também da performance do grupo escolhido para terminar o evento: os Humble.

    Apesar do discutível alinhamento das bandas, em termos de qualidade musical o evento satisfez amplamente, ajudado pelas boas condições acústicas da sala e pela qualidade do equipamento de som – o tipo de coisas que a capacidade financeira (neste caso de uma marca global) indubitavelmente permite e potencia.

    É inquestionável o papel que as marcas desempenham na concretização de projectos culturais – e particularmente musicais, quer ao nível da produção quer da divulgação. E é também claro que existe uma relação simbiótica nas associações comerciais que se estabelecem entre as bandas e as marcas/empresas detentoras das marcas: há ganhos – imediatos ou a médio prazo – para ambas as partes (se beneficiam na mesma medida já é outra questão.

    Contudo, Vans Off the Wall não foi propriamente uma “music fest” (festa da música), mas primordialmente uma “brand fest”, uma noite de celebração – e glorificação – de uma marca global, no contexto de uma imaginativa campanha de marketing destinada ao mercado europeu. Para além da presença ostensiva da marca em todo o espaço do evento, o espectáculo – encomendado sob medida - não deixou grande liberdade às bandas, que tiveram um ‘time slot’ limitado e não negociável, para além de estarem encarregues de distribuir diverso merchandising, interrompendo para tal as suas actuações.

    Os Boca Doce ofereceram CDs a quem tivesse calçadas umas sapatilhas VANS. Os Fita Cola cantaram “Não quero ser um robô, sempre igual a toda a gente”, do alto das suas VANS e para uma plateia que primava pela semelhança e pelo padrão. Apesar disso, elementos da organização ‘infiltrados’ asseguravam que nenhum comportamento desviante pudesse estragar a festa.

    Finalmente, “I got a laptop baby”, o verso repetido até à exaustão pelos Humble, constituiu talvez a imagem perfeita do espírito comercial e do apelo consumista que imperaram neste evento, e também da sociedade em que vivemos, magistralmente retratada pelos Peste e Sida em “Cidade Veneno”.

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  2. SOBRE A MARCA VANS

    A Vans é uma marca de moda desportiva (sapatilhas, etc.) destinada a um segmento de mercado específico, jovem, urbano, irreverente e/ou amante de desportos ‘radicais’. O marketing global da marca aposta em estratégias como o contacto directo com os jovens consumidores, através da Internet, e na associação directa a bandas ‘alternativas’ locais, através de apoios, patrocínios e organização de eventos (musicais), tais como a Vans Warped Tour. No site deste evento, um dos tópicos de discussão lançados no message board é “does anyone like some small local bands that we should know about?”. A Vans, juntamente com mais de 30 outras marcas, é detida pela VF Corporation, uma multinacional americana e a maior empresa de vestuário e calçado do mundo, com lucros anuais de cerca de 7.6 biliões de dólares (http://www.vfc.com/about/global-presence.

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