(Foto: Bettmann/Corbis, The Guardian ver mais fotos aqui.)
Comemora-se hoje o vigésimo aniversário da queda do muro de Berlim que durante 28 anos e 91 dias dilacerou uma cidade, um país, os seus habitantes. Tal como Timothy Garton Ash, comentador do jornal britânico The Guardian refere (e que é uma opinião generalizada), a queda do muro de Berlim significa, na sua essência, a liberdade:
“So here is the image to remember: An east Berliner appears through the frontier crossing, amid the elated crowd. Pale-faced, wearing some kind of a padded jacket, his breath is visible as a frosty plume against the cold night sky. He has just got through. He has probably never set foot in the west in his life. Incredible. Unglaublich!
He sees the television camera, looks straight at it, and shouts just one word: Freiheit! Then he is gone. In that instant, the word "freedom", so much devalued and abused, recovers all its pristine, primal force.
That is the moment. That is the image. It's the late 20th century version of the prisoners' chorus from Beethoven's Fidelio; of Delacroix's painting of Liberté, her right breast boldly bared, leading the people in the French revolution. (...)
(...) the key word for 9 November remains freedom. At the outset, in its essence, it was about the very personal liberation of men, women and children imprisoned behind the wall for those "28 years and 91 days".
As a symbol, it lives on above all as an image of peaceful liberation.”
É pena que as mesmas pessoas – com responsabilidade e poder políticos – que hoje defenderam esta ideia, pactuem, directa ou indirectamente com a construção e manutenção de outros muros, com objectivos semelhantes, junto aos quais se continuam a cometer os mesmos crimes: nomeadamente o Muro construído por Israel na Faixa de Gaza, ou o que o governo indiano erigiu na fronteira com o Bangladesh (cerca de 4 000Kms), ou o que separa os EUA do México? Enquanto os alemães de leste que tentaram atravessar o muro e pereceram são (justamente) homenageados, como são vistos e tratados os Palestinianos, Mexicanos ou Bangladeshi que o tentam ainda hoje? Como é que num mundo global fronteiras – muros – físicos e ideológicos continuam a ser erigidos a cada minuto para manter espaço(s) e tempo(s) convenientemente separados? Até quando?
Este tipo de comemorações acabam por ser um sinal de alerta, de que ainda existem situações destas nos dias de hoje infelizmente. Mas o mais triste ainda é tomarmos a consciência que os muros continuam a erguer-se, não só os fisícos, mas sobretudo e principalmente os que foro ideológico nas sociedades contemporâneas; apesar de todas as evidências e lições que a História nos revela...Muito provavélmente a natureza do homem, procura continuadamente, insurgir-se contra o seu semelhante...
ResponderEliminarSim, o filósofo inglês Thomas Hobbes já defendia que o a natureza humana era na sua essência má,e que o estado natural era de guerra, daí a necessidade do contrato social. Mas isso também não resolveu a questão,só mudou talvez os equilíbrios de poder...
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