08 novembro 2009

Pussy de Rammstein e a recorrência da temática sexual na música

Este post inclui: link para o vídeo de "Pussy" dos Rammstein; vídeo de "Eat Pussy not Cows" de Jesse Vital.

Mantendo acesa a chama da controvérsia que os tem acompanhado ao longo de toda a sua carreira, os Rammstein lançaram a 16 de Setembro o controverso vídeo do single de estreia do seu mais recente álbum, intitulado “Pussy”, no website dedicado ao metal/hard rock The Gauntlet. Tratou-se sem dúvida de uma operação de marketing bem sucedida, e bem ao estilo “puro e duro” dos Rammstein.

O vídeo, de cariz pornográfico e com a participação de profissionais (femininas) do meio, inclui seis clips em que cada um dos membros da banda encarna um estereótipo do ideário pornográfico. O cariz explícito das cenas agudiza-se ao longo do videoclip (classificado para maiores de 18 anos) e espelha a crueza da letra da música, que reduz o acto sexual à sua expressão minimalista do impulso e instinto mais básicos: “You’ve got a pussy, I have a dick, So what’s the problem, Let’s do it quick”. Para ver o vídeo (com 'bolinha') clicar aqui. 

O humor, a sátira e o deliberado objectivo de surpreender, confundir, divertir e/ou chocar são evidentes e plenamente assumidos pelos Rammstein. E o facto de que a fórmula resulta em cheio é óbvio quando verificamos que a música (que nem é brilhante…) e o álbum atingiram de forma meteórica o primeiro lugar de muitos tops nacionais. O álbum superou comercialmente todos os anteriores em mercados como os EUA e França. Na Finlândia, Liebe is fur alle da foi disco de platina mesmo antes de ser lançado (apenas através do circuito de pré-venda).

Na verdade, a temática é tudo menos inovadora, mas milhares de anos de marketing e comercialização do sexo são uma garantia segura de êxito. Tanto o sexo como os genitais femininos têm uma longa história musical, visível ainda que olhemos (e sem grande pesquisa ou reflexão) apenas para as últimas décadas e para os géneros rock ou punk rock, este último pautado em primeira instância pelo desejo de confrontar e chocar o mainstream, e pela sonoridade - e letras - rápidas, directas e totalmente desprovidas de decoro burguês.

Para nomear apenas alguns exemplos: “Penetration” da banda ‘proto-punk’ Iggy and the Stooges (1973), por sua vez inspiradora da designação escolhida pelos britânicos Penetration, formados em 1976 e autores do clássico “Don’t Dictate”. Ou os próprios “Sex Pistols” e sua ligação à sex shop que esteve na génese tanto da banda como do nome… para não falar da ambiguidade do termo “Buzzcocks”, designação do colectivo de Manchester. E, no contexto (neste caso do rock) português, quem não se lembra da censura a que a música “Patchouli” dos Grupo de Baile foi sujeita nas rádios, por mencionar a púbis feminina? (Para ouvir aqui). Ou, na década seguinte, o cariz hardcore de Sex’Oral, a música irritantemente ‘catchy’ dos Tara Perdida?

Também no que toca a videoclips pornográficos, os Rammstein seguem terreno já trilhado, por exemplo pelos 2wo (de Rob Halford, então ex-Judas Priest), que há 11 anos atrás encomendaram o vídeo do single “I am a pig” ao realizador de filmes pornográficos Chi Chi Larue.

Por fim, termino com o bem-disposto vídeo de ‘punk vegetariano’ “Eat pussy not cows” de Jesse Vital, realizado (e disponibilizado no Youtube) por Nate Minier.

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