27 maio 2010

The Sound Strike: artistas unidos contra uma lei criminosa

Este post inclui um vídeo do célebre discurso de Martin Luther King "I have a dream".

Um conjunto de artistas, de várias nacionalidades e de várias áreas da cultura, uniram-se num movimento de protesto, denúncia e boicote de uma lei racista e criminosa (de nome SB1070) aprovada e em vigor há cerca de 1 mês no estado americano do Arizona, que dá plenos poderes à polícia para interpelar qualquer transeunte  se desconfiar da sua nacionalidade ou da legalidade da sua residência nos EUA. Se a pessoa em causa não apresentar a documentação que confirme a sua cidadania americana será preso como  criminoso.

Alguns artistas musicais que integram o movimento estão já a recusar-se a actuar no Arizona: é o caso dos Rage Against the Machine,  de Joe Satriani, dos Rise Against e dos Sonic Youth, entre muitos outros.

O movimento tem um site onde a situação é denunciada, numa carta aberta da autoria de Zack de la Rocha (Rage Against the Machine), e onde se encontra uma petição que exige a revogação desta lei.

Há quem não concorde com o boicote destes músicos: os Fucked Up (banda canadiana de hardcore), por exemplo, acreditam que não actuar no Arizona não resolve o problema, e defendem pelo contrário que os músicos  utilizem os seus concertos naquele estado para denunciar e criticar a lei.

É um ponto de vista legítimo. De qualquer forma, é (sempre) óptimo assistir à mobilização dos músicos (e dos artistas em geral) na defesa de causas sociais e políticas, e neste caso particular, à união de esforços e de vozes de artistas que utilizam a sua visibilidade e capacidade de comunicação para rejeitar e denunciar a violação de direitos humanos pelos quais muitos morreram há relativamente pouco tempo...no caso dos EUA, vem-nos imediatamente à memória Martin Luther King, justamente mencionado por Zack de la Rocha na carta referida, que pode ser lida na íntegra no site http://www.thesoundstrike.net/ .

Fica aqui um excerto da carta e também algumas palavras de Joe Satriani.

"Fans of our music, our stories, our films and our words can be pulled over and harassed every day because they are brown or black, or for the way they speak, or for the music they listen to. People who are poor like some of us used to be could be forced to live in a constant state of fear while just doing what they can to find work and survive. This law opens the door for them to be shaked down, or even worse, detained and deported while just trying to travel home from school, from home to work, or when they just roll out with their friends.


Some of us grew up dealing with racial profiling, but this law (SB 1070) takes it to a whole new low. If other states follow the direction of the Arizona government, we could be headed towards a pre-civil rights era reality. This unjust law was set into motion by the same Arizona government that refused to acknowledge Martin Luther King Jr. day as a national holiday.

When Rosa Parks refused to give up her seat, they arrested her. As a result, people got together and said we are not going to ride the bus until they change the law. It was this courageous action that sparked the Montgomery bus boycott. What if we got together, signed a collective letter saying, "we're not going to ride the bus", saying we are not going to comply. We are not going to play in Arizona. We are going to boycott Arizona! Signed, Zack de la Rocha".
Joe Satriani: "[I feel] terrible about the idea of boycotting Arizona," Satriani told Billboard. "I have friends there. I have a lot of fans there. ... [But] SB1070 just doesn't have enough in it to make it a good law. In the last 15 years the erosion of rights of American citizens has put us close to a police state. We teeter back and forth; that's what you have to be vigilant about." (in The Guardian, aqui).

 
Vale a pena revisitar o célebre discurso do Prémio Nobel da Paz...o seu sonho continua por cumprir, e as conquistas alcançadas, parcialmente fruto da sua luta, estão a ser violenta e criminosamente cerceadas, e têm de continuar a ser (repetidamente) defendidas.

Sem comentários:

Enviar um comentário