Já sabemos que esta altura do ano se presta naturalmente a balanços, retrospectivas e antevisões...por isso mesmo aqui fica uma revista dos concertos/eventos musicais que marcaram o meu ano de 2010, com o link para a respectiva review (ou post) aqui no A Crack in the Cloud...
Janeiro
The Casualties (com PHT, Albert Fish e Simbiose), Revólver Bar (Cacilhas)
Festival Outsider 3 (1º dia: FPM, Barafunda Total, Mordaça, Re-Censurados; 2º Dia: Desobediência Geral, Albert Fish, Kamones e Crise Total), Casa de Lafões, Lisboa.
Entre 1998 e 2002, Joe Strummer teve um programa na BBC, intitulado Joe Strummer's London Calling, em que passava a sua música preferida.
Nas suas próprias palavras:
"My pick of music for the show reflects the music that I listen to all year round. I am constantly trawling through music and I pick out the best for the show. It’s hard because when I hear good things I want to put them out, but I have to pick the best of the bunch."
Os programas, que incluem uma mistura eclética de vários estilos musicais, de várias épocas e geografias, inspiraram muitos ouvintes em todo o mundo, e também o realizador Julien Temple, que os utilizou no documentário Joe Strummer: The Future is Unwritten.
Estas emissões radiofónicas (em formato podcast) encontram-se disponíveis para download gratuito no iTunes, ou através do blog Radio Clash.
Fica "Redemption Song", cover de Bob Marley por Joe Strummer e Johnny Cash. Fica também o link para a excelente versão de Strummer & The Mescaleros, disponível no YouTube, aqui.
O A Crack in the Cloud (cuja designação é, antes de mais, excerto de um tema dos The Clash), não poderia deixar passar em branco o dia de hoje, em que decorrem 8 anos da morte prematura não só de um dos grandes vultos da história da música do século XX, como de um homem exemplar e fonte contínua de inspiração: John Graham Mellor, ou melhor, Joe Strummer.
Joe está longe de ter sido esquecido e a sua vida e a sua herança foram hoje lembradas especialmente em inúmeros blogs. Entre eles contam-se, por exemplo, os dos periódicos britânicos Spectator e The Guardian, o site da marca de guitarras Gibson, ou mesmo dos Chemical Romance, que postaram a seguinte mensagem:
“R.I.P Joe Strummer: One Of The Best Song Writers Of All Time, One Of The Best Vocalists/Guitarists/Front-Men Of All Time, In One Of The Greatest Bands Of All Time.
Joe Strummer, The Original True Punk Rocker.
Stay Free And Know Your Rights.”
No artigo do Spectator, “In Memory of Joe Strummer”, o argumentista Paul Viragh, autor do biopic sobre Ian Dury, lançado este ano, actualmente a preparar uma cine-biografia sobre Strummer, fala sobre o músico e comenta alguns dos temas mais emblemáticos dos The Clash.
Até o jornal alemão Rheinische Post anunciou hoje a realização de um concerto de homenagem a Strummer, a realizar daqui a precisamente um mês, na Haus der Jugend (sala de concertos) de Düsseldorf, com a presença de vários artistas, entre eles Vom Ritchie, o baterista dos alemães Die Toten Hosen.
Vale a pena também aqui recordar a homenagem prestada pelos portugueses Peste & Sida aos The Clash e a Joe Strummer no seu último trabalho, Cai no Real, com excelente tema "Revolução Rock".
Entretanto, Mick Jones e Paul Simonon anunciaram recentemente a intenção de realizarem um documentário sobre o mítico London Calling, e sabe-se já que o próximo trabalho dos Pearl Jam, Live on Ten Legs, comemorativo dos 20 anos da banda, e com lançamento previsto para 18 de Janeiro de 2011, incluirá, entre outras, uma cover de Joe Strummer & The Mescaleros.
(Foto: Bob Gruen)
Também o conhecido fotógrafo musical Bob Gruen tem no seu site uma página dedicada a Joe, com inúmeras fotografias de várias fases da sua vida e carreira, acompanhadas de breves apontamentos em que lembra momentos que partilhou com ele.
Aqui ficam as suas palavras iniciais, que espelham bem algumas das razões que, ainda hoje, fazem de Joe um ser humano especial e bem vivo nos corações e nas mentes de muita gente.
"I deeply miss my friend Joe Strummer. He was the strongest of men, a real inspirational leader, a guy who never seemed to tire of listening to people and talking to them, learning and teaching all the time. He had true compassion for everyone he met. He was the nicest and also the most fun loving person I've known."
Billy, o autor do blog Billy-News, principal canal de divulgação da música/cena punk nacional e sem dúvida um dos mais visitados blogs musicais portugueses, concedeu a semana passada uma entrevista ao blog espanhol Adiós Lili Marleen - Combat Rock Magazine.
A entrevista resultou da curiosidade do seu autor relativamente à história do punk em Portugal, e está muito bem construída e detalhada, contendo quase duas dezenas de questões a que Billy responde de forma clara e bastante pormenorizada.
Esta entrevista reveste-se de grande interesse, oferecendo-nos uma visão panorâmica dos principais marcos da música e cena punk em Portugal nas últimas três décadas. Entre os vários temas tratados contam-se referências às primeiras bandas punk portuguesas e as suas influências internacionais, algumas das principais bandas/projectos nacionais das últimas três décadas (e da actualidade), concertos de algumas conhecidas bandas punk internacionais, principais fanzines, revistas e editoras discográficas, páginas web de interesse, principais festivais/eventos musicais, espaços de concertos e lojas de discos, etc.
Billy é ainda questionado sobre a importância e influências da cena punk brasileira, as relações entre punks e outras 'tribos', assim como com o anarquismo, sobre a toxicodependência no meio punk na década de 1980 e, revelando um admirável distanciamento e espírito crítico, não se furta a referir alguns dos aspectos mais negativos do 'movimento' punk nacional.
Esta entrevista é também uma boa oportunidade para conhecer um pouco melhor o autor do blog Billy-News. Billy fala-nos um pouco de si mesmo, dos seus primeiros contactos com a música punk e com a cena punk nacional e das razões que o levaram a iniciar o seu blog em 2004, revelando também os seus dez discos favoritos de punk nacional (bandas dos anos 80) e internacional.
Ficam alguns dos excertos mais significativos da entrevista, recomendando-se vivamente a sua leitura atenta na íntegra, disponível em castelhano e em inglês no blog espanhol Adiós Lili Marleen.
"Era muy joven cuando oí por primera vez a los Ramones, ellos tocaron en Portugal en 1980 y unos chicos me enseñaron una grabación, canciones, camisetas… y ahí empezó todo."
"Bueno, para mí todo empezó con el blog en 2004, pero siempre fui a conciertos, hablaba con las bandas y compartí buenos momentos de amistad. Toqué el bajo por afición con alguno de ellos. En 1990, la escena punk volvió a ser bastante fuerte aquí, había fanzines que trataban de informar a la gente, pero no lo suficiente."
"Muchas bandas estuvieron influenciadas por el sonido Uk 82, especialmente Crise Total, Grito Final, Kú De Judas, Derniere Cri y C.I.A.neto. Más tarde, Injusticed League, Renegados de Boliqueime, Raiva!!!, M.A.D. y muchas más. Incluso Mata-Ratos, que son una banda de punk rock clásico (todavía activos, desde 1982), tuvieron su momento hard core."
"El movimiento punk portugués está lleno de gente que siempre hablan mal de los demás y de las bandas o cosas por el estilo, y yo creo que el espíritu punk es justamente lo contrario. Por ejemplo, si a ti no te gusta un grupo, no le prestes atención... y no des tu mala opinión todo el rato como un loro."
"Bandas activas, por supuesto Gazua, Peste & Sida, Mata-Ratos, PunkSinatra, Dalai Lume, Albert Fish, Barafunda Total, Decreto 77, Acromaníacos, Simbiose, Motornoise, Raiva!!!, Ventas De Exterko (tocaron en Badajoz hace poco), Revolta, Sicksin, Mão Morta y Tara Perdida (de esta última, recomiendo el material antiguo)."
Aqui fica um tema de um dos discos indicados pelo Billy como sendo um dos seus favoritos, "Kú de Judas ao Vivo".
Hoje é um dia especial para Aresta, guitarrista das bandas alentejanas Ho Chi Minh e Sordid Sight, e o A Crack in the Cloud endereça-lhe os sinceros parabéns, assinalando a data com dois vídeos de actuações ao vivo das bandas que integra, e que esperamos ter oportunidade de ver em palco muito em breve.
Fotos gentilmente cedidas aoA Crack in the Cloud pelo seu autor, Fábio Dias.
Este post inclui o vídeo de "Vítimas do Sistema", interpretado pelos VE no Bar Metalarium em Badajoz, captado e editado por João Miguel Silva.
(Ventas de Exterko, por Fábio Dias)
Diz o adágio popular que depois da tempestade vem a bonança, e o dito parece assentar na perfeição ao regresso dos Ventas de Exterko (VE) aos palcos, com nova formação e depois de um período conturbado do percurso da banda, motivado pela saída do vocalista e guitarrista Leo.
O regresso não podia, na nossa opinião, ter corrido melhor, com a performance enérgica, consistente e verdadeiramente contagiante que os Ventas de Exterko ofereceram na passada terça-feira no Bar Metalarium, em Badajoz, Espanha, e que não deixou ninguém indiferente.
Os Ventas de Exterko, cabeças de cartaz, foram antecedidos da actuação animada de uma muito jovem banda de rock local, com o sugestivo nome de Sanatorio de Muñecos, que aqueceu o ambiente e foi decerto responsável pela presença de muitos jovens no local, que corresponderam com entusiasmo - e algum mosh - à sonoridade punk/hardcore dos rapazes do Exterko: Roza (voz e baixo), Fava (bateria e voz) e Tuga (guitarra e voz).
A prestação dos VE destacou-se por uma segurança e descontracção que nos surpreenderam pelo facto de se tratar da estreia da nova formação, e particularmente do novo vocalista (e baixista), Roza. Esta constituiu, na verdade, a principal razão da nossa presença no local, e merece por isso particular menção.
Não obstante as qualidades do anterior vocalista, e do receio que tínhamos relativamente à sua substituição, foi com bastante agrado que constatámos a adequação da voz de Roza não só à sonoridade como também à lógica - de furor e combatividade - que caracteriza o projecto VE.
(Roza, por Fábio Dias)
Não pudemos também deixar de apreciar a sua postura extrovertida, enérgica e muito irreverente (mesmo algo lunática, na acepção positiva do termo), responsável por uma constante interactividade com o público, iminentemente espanhol, que a soube apreciar, correspondendo com entusiasmo.
Estas qualidades de Roza contribuem sem dúvida também para uma postura algo diferente deste colectivo, marcada por uma maior descontracção, irreverência e vivacidade.
De destacar igualmente a presença sempre marcante de Fava, membro fundador, principal impulsionador e incontestável frontman desta que é uma das muito poucas bandas de punk rock da região.
(Fava por Fábio Dias)
Apesar dos melhores esforços de Tuga notou-se a falta de uma guitarra, deficiência que sabemos estar prestes a ser colmatada com a integração próxima de um guitarrista adicional, cuja identidade a banda promete revelar a muito breve trecho.
(Tuga, por Fábio Dias)
Quanto ao alinhamento, os Ventas de Exterko iniciaram com uma breve intro instrumental, para arrancarem depois em grande pujança com "Caos em Portugal", indubitavelmente um dos temas mais fortes da banda, a que 'colaram' o igualmente marcante "Ergue a tua Voz", set que agarrou de imediato o público. Sem dar tréguas, continuaram com o excelente "Vítimas do Sistema", seguido de dois temas novos, "Isso não vai mudar" e "Ódio & Amargura", que obtiveram uma boa recepção.
"Nós Por Cá" foi mais um tema muito bem conseguido e entusiasticamente recebido, não só devido à sua popular temática ("Quero ver confusão, malta animada, cerveja na mão"), como também à interpelação vigorosa do vocalista Roza. Seguiram-se-lhe "Lobisomem" e mais dois temas novos, o instrumental "X", com um pendor predominante metálico, e por isso diferente da linha principal da sonoridade dos VE, e "Olhar Incerto".
A actuação dos VE entrou na recta final com mais dois temas fortes - e sempre a abrir - da banda: "Os Porcos Chegaram para Ficar" e "Pode ser que se Fodam". O público, visivelmente satisfeito mas ávido pediu mais, e os amigos e companheiros portugueses presentes exigiram "Zé" (deixa 'tar que o primo tem), que teria terminado da melhor forma a actuação desta banda punk alentejana, não fosse a insistência do público, que não deu tréguas a uns Ventas que acusavam já algum cansaço.
Depois de alguma confusão e reticências, o vocalista Roza anuncia a repetição do tema de abertura "Caos em Portugal", desta feita dedicado à cidade onde se encontravam, Badajoz, e interpretado (pelo menos parcialmente) em castelhano. Apesar do carácter improvisado da interpretação, o público local acolheu-o (naturalmente) com muito entusiasmo, e foi em verdadeiro clima de festa que terminou esta memorável actuação dos Ventas de Exterko além fronteiras.
(Ventas de Exterko & friends, por Fábio Dias)
Fica aqui então, com nota muito positiva, assinalada esta performance dos Ventas de Exterko, que têm já vários projectos e concertos agendados para 2011. Fazemos igualmente votos de que a banda tenha uma maior receptividade e marque presença em eventos de punk rock, sendo que até aqui o projecto tem (estranhamente?) tido especialmente atenção e bom acolhimento no meio metálico.
Patti Smith venceu recentemente o prémio nacional americano de literatura (National Book Award) na categoria de não ficção, com o seu livro Just Kids, objecto de notícia neste blog (aqui) aquando da sua publicação, no início de 2010.
Smith concedeu uma longa entrevista no programa televisivo americano Democracy Now!, na qual fala, com simplicidade e muito humor, da sua vida ligada à música, do seu activismo político, e também do livro Just Kids, que relata a sua relação com o fotógrafo Robert Mapplethorpe e os primeiros anos da sua vida em Nova Iorque.
Aqui fica o vídeo da entrevista e o link para o artigo do Democracy Now!, que inclui a transcrição da entrevista.
Os Gazua preparam-se para iniciar a tournée do seu mais recente trabalho, Contracultura, acompanhados pelos Asfixia e pelo DJ Billy, e têm já várias datas confirmadas, com uma passagem por Beja (Galeria do Desassossego) a 26 de Fevereiro.
Entretanto, o próximo concerto da banda está já agendado para o próximo sábado, 11 de Dezembro, no Santiago Alquimista, por ocasião do lançamento do novo trabalho dos Fita Cola.
Fica o vídeo do tema "Para Todos", bastante ilustrativo da mensagem dos Gazua, interpretado ao vivo na Festa do Avante (2009).
A Mitra Records, netlabel portuguesa recentemente fundada com o objectivo de promover a livre partilha de música, difundir projectos musicais alternativos e interventivos e " constituir uma plataforma sólida de artistas independentes" acabou de disponibilizar para download gratuito o 2º trabalho da banda punk alentejana Ventas de Exterko:
"O EP homónimo dos Ventas de Exterko é o segundo trabalho da banda e está finalmente acessível a todos através da Mitra Records. Neste trabalho os Ventas apresentam 6 temas em português, repletos de poder, determinação e crítica social mordaz.
A banda, depois de um período algo conturbado, com algumas alterações na formação, prepara agora a agenda para o próximo ano com nova formação e novo fôlego." (Mitra Records).
Lembramos que a primeira actuação da banda está agendada já para a próxima terça-feira, 7 de Dezembro, no Bar Metalarium em Badajoz, Espanha. Os Ventas de Exterko têm também já presença confirmada no Rise of Warriors Metal Fest, que decorrerá em Tábua, Coimbra, a 12 de Fevereiro.
Foi um dos destaques da semana e é sem dúvida o destaque do dia no A Crack in the Cloud.
É decerto a forma perfeita de começar o fim-de-semana e também de repelir o frio que se faz sentir um pouco por todo o país...
No espírito da festa, fica o vídeo do tema que o título evoca, aproveitando para revisitar esta actuação dos The Clash no Festival Mont de Marsan (França), em 5 de Agosto de 1977.
Tal como anteriormente mencionado, o A Crack in the Cloud esteve presente no concerto que juntou os R12 e os Re-Censurados no Bar Side B, em Benavente, na passada sexta-feira 26 de Novembro, deixando aqui, ainda que um pouco extemporaneamente, um registo das excelentes impressões colhidas.
O local do concerto merece algumas palavras de apreço: é amplo, simpático, bem equipado, tem boas condições sonoras e está localizado a uma curta distância de Lisboa. Igualmente digno de reparo é o cartaz musical deste espaço, não só muito preenchido, como iminentementente 'alternativo', a indiciar a aposta sempre louvável na divulgação destas sonoridades por parte dos seus responsáveis.
Duas razões principais motivaram a minha presença no local. Por um lado, o desejo de voltar a ver e a ouvir os R12, uma das bandas que maior impacto me causaram aquando do inesquecível Festival Outsider 2 (em Outubro de 2009), e cujo 1º trabalho, Boletim Agrário, é (na minha modesta opinião) digno de referência no contexto da produção musical nacional dos últimos anos. O facto deste trabalho ter sido eleito como o melhor de 2008 pelos atentos leitores do blog Billy-News é um indicador relevante da sua qualidade.
Por outro lado, e depois de ter tido a oportunidade de assistir a várias actuações dos Re-Censurados, banda de tributo aos míticos e sempre presentes Censurados, tinha uma grande expectativa quanto à nova composição da banda, nomeadamente a entrada de Covas (Sicksin, ex-Dalai Lume) como vocalista.
(Foto: Diana Rosa)
Os R12 abriram as hostilidades por volta das 23.30h e, perante uma plateia bastante composta e animada, ofereram uma prestação descontraída mas muito segura e bem coordenada, pautada pela animação e irreverência que lhes são características, intercalando temas do supramencionado LP, do EP Não Vais Ficar Parado (2010), e ainda do novo EP, que os R12 estão neste momento a gravar, com lançamento previsto para o início de 2011.
Não obstante o visível entusiasmo com que os temas mais fortes (ou melhor conhecidos) da banda foram recebidos ("Alfredo", "Punk Agricultor", "Anti Fash" ou "Sindicato"), também os temas novos apresentados "Olhar e Ver", "Tudo foi em Vão" e "E Digo que Sim" mereceram um acolhimento positivo do público e revelaram a multiplicidade de influências presentes na sonoridade muito própria dos R12.
(Foto: Diana Rosa)
Infelizmente o tempo disponível esgotou-se rapidamente e não permitiu que os R12 fizessem o previsto encore, que incluía o excelente "Ka-va-ku" e uma cover de "Nasci Hoje" dos Tara Perdida (ver setlist abaixo). Lembre-se que os R12 disponibilizaram recentemente os seus dois trabalhos para download gratuito nos seus sites do myspace e do facebook.
(Foto: Diana Rosa)
Seguiram-se-lhes os Re-Censurados, que de muito bom grado chamam a si a tarefa nada fácil mas muito honrosa de manter um pouco mais viva a chama perene daquela que muitos consideram ser a melhor banda portuguesa de todos dos tempos. Impõe-se desde logo referir a rápida e excelente integração do novo vocalista, João Covas, no colectivo, e de destacar não só a sua performance (voz e guitarra) como os seus excelentes dotes de comunicador e mestre de cerimónias.
A actuação dos Re-Censurados foi marcada por uma óptima coesão e principalmente por muito boa disposição e cumplicidade entre os vários elementos da banda, assim como por uma grande interacção e proximidade com o público, em grande medida potenciada pelas características do novo vocalista, já mencionadas. Um a um, foram desfilando dessasseis temas incontornáveis da discografia dos míticos Censurados, com uma participação entusiástica do público que pedia e tentava adivinhar o tema seguinte e cantava em plenos pulmões não só os refrões como as letras na íntegra.
No final da actuação, e sem conseguir dar resposta a todos os pedidos formulados por este público exigente, houve direito a encore - com a repetição do hino "Censurados" e de "Confusão" - cantado pelos membros do público e também dos R12, convidados a subir ao palco por Covas. Foi sem dúvida um momento inesperado e especial do concerto.
Algo impressionante, e sem dúvida digno de registo, foi ver um jovem membro do público (o Ricardo, de Almada) no palco, a cantar com muito entusiasmo - e sem falhas nem hesitações - o "Confusão", da primeira à última palavra, como se de um hit do momento se tratasse. Este pequeno grande pormenor é revelador da imensa popularidade que os Censurados continuam a ter, não só junto de um público mais maduro que os conheceu e acompanhou, como - e particularmente - junto das gerações mais jovens.
Em suma, valeu bem a pena ir a Benavente na passada sexta-feira. Quem não esteve lá terá uma nova oportunidade de ver estas duas excelentes bandas nacionais já no próximo dia 10 de Dezembro na Discoteca Bite Me em Alhos Vedros. Fica a recomendação.
Ficam as SETLISTS dos concertos, gentilmente cedidas pelas bandas ao A Crack in the Cloud.
R12: Revolução, Outro Lugar; Alfredo, Olhar e Ver, Guerra Sagrada, Punk Agricultor, Não Vou Parar, Tudo Foi em Vão, A Tua Revolta, E Digo Que Sim, Anti-Fash, 100 Palavras, Sindicato.
Re-Censurados: Censurados, Venenosa, Confusão, Sentado ao Balcão, Srs Políticos, Não, Alecrim, É Difícil, Kaga na Cultura, Angústia, Animais, Não Vales Nada, Tu Ó Bófia, Amigo, Coxa, Enquanto a Noite Cai + Encore.
Ficam ainda dois vídeos captados pela equipa da revista Outsider, presente no evento.
A abrir o apetite para mais uma muito aguardada actuação dos Kamones, banda de covers de Ramones composta por João Alves (Peste & Sida), João Ribas (Tara Perdida), Paulinho (Gazua) e Rafael, aqui fica mais um tema interpretado pela banda no Festival Outsider 3.
Depois de uma semana exigente, nada melhor que um fim-de-semana recheado de boa música para descontrair. O A Crack in the Cloud esteve presente nos eventos que destacou na passada semana, nomeadamente no concerto dos R12 e dos Re-Censurados no Bar Side-B em Benavente e em mais uma excelente Punk Rock N'Roll Party, organizada e dinamizada pelos DJs Billy e Merton, e que se realizou no Bar Copenhagen, em Lisboa.
Mas uma nova semana se inicia, também ela com propostas interessantes...
É já amanhã que se tem início a V Edição dos Festival de Bandas de Beja, com as promissoras actuações (entre outras, claro) dos Máscara, dos All Emotions Day, Sordid Sight e Balão Dirigível. Para ler a review da edição anterior basta clicar aqui.
Mais a norte, a destacar o imperdível concerto dos Punk Sinatra, antecedido da actuação dos Kamones, no In Live Caffé, Moita. Esta festa contará ainda com a presença do DJ Billy. Fica aqui o link para a review da inesquecível actuação dos Punk Sinatra no Music Box, no passado mês de Julho.
Na próxima sexta-feira, no Berlim Bar em Lisboa, está agendada mais uma grande noite de punk rock, da responsabilidade dos DJs Billy e Johnny Punk.
A abrir o apetite aqui ficam os vídeos "Caminhar para o Zero" dos Punk Sinatra (ao vivo no Music Box, 1 de Julho de 2010) e de "Skin Change" dos Sordid Sight (ao vivo em Beja, Agosto de 2010).
É uma semana importante esta que se inicia. Uma semana de luta, marcada por uma greve geral que, esperemos, assuma uma dimensão expressiva, demonstrando assim claramente a consciência geral da situação real do país, da ofensiva em curso contra quem trabalha e aufere rendimentos baixos e médios, e das dificuldades reais experimentadas por muitos milhares de portugueses, e que se agudizarão, de uma forma que ainda não conseguimos antever, já nos próximos meses.
Muitos não farão greve por simples comodismo. Outros para não perder o vencimento diário. Outros por medo de represálias, particularmente de serem despedidos, a espada de Damocles que paira sobre as cabeças de quase todos os que ainda têm emprego, muitos dos quais, tendo abraçado o maravilhoso mundo do consumismo que sustenta a economia neoliberal (mea culpa), "agarrados " ('by the balls', podíamos acrescentar) ao crédito do carro, ao empréstimo da casa, à mensalidade da net, da TV cabo, enfim, a um conforto legítimo mas inimaginável até há apenas umas décadas. Um conforto que apesar de abrangente não foi nem é para todos, e que cada vez será para menos, à medida que se tenha de deixar de ter net, TV cabo, carro, casa, e quem sabe comida na mesa.
Esta é já a realidade de muitos, e um primeiro grande passo no sentido de uma sociedade mais humana e mais solidária seria decerto conseguirmos lutar não só pelos nossos interesses pessoais, mas pelo bem comum. É essa uma das grandes lições que a história recente nacional - da resistência e luta anti-fascistas - nos ensina, e que não podemos esquecer. O nosso medo é um insulto à memória de todos os que lutaram (também) por nós, e um passo atrás no percurso democrático.
A música sempre foi uma componente fundamental de qualquer luta, e é uma forma importante de expressão e de crítica social e política. Essa é uma característica comum dos eventos que destacamos esta semana: já amanhã, a actuação de vários artistas em Lisboa, entre os quais destacamos os Peste & Sida, no âmbito das actividades da Greve Geral; na sexta-feira, o concerto dos R12 e dos Re-Censurados (Side-B, Benavente), e sábado, a 3ª Punk Rock Session organizada pelos DJs Billy e Merton (autores dos blogs Billy-News e Rock no Liceu), dedicada aos GBH e ao 'UK82'.
Fica o tema "Stand Against Them All", do álbum We Are All We Have (2009) dos The Casualties, herdeiros do UK82, também conhecido como 'No Future Punk'.
O A Crack in the Cloud esteve presente no lançamento do 1º EP da banda bejense Máscara, que teve lugar no passado sábado na Galeria do Desassossego, em Beja.
Ao tentar colocar no papel as impressões do evento concluímos que elas em grande medida repetiam o que anteriormente aqui se referiu no decurso da actuação da banda naquele mesmo espaço em Abril passado. Optamos por isso por indicar o link para essa review.
Relativamente ao evento em questão, e de forma sumária, diremos apenas que o lançamento deste trabalho, intitulado Mata Mas Não Mói, dificilmente poderia ter corrido melhor, e que os Máscara têm amplas razões para estar satisfeitos com o acontecimento, e - tendo em conta os concertos já agendados para o futuro próximo - com os visíveis resultados e feedback positivo do seu trabalho - algo de que muitas bandas congéneres não se podem gabar.
O espaço estava literalmente apinhado, e se muitos eram os amigos e conhecidos da banda, estes não constituíam decerto a sua totalidade, sendo o público bastante heterogéneo, como é (agradável) apanágio deste local.
De referir também a presença de diversos músicos locais, entre os quais se contavam Aresta e João Franco dos Ho Chi Minh, Marco, vocalista dos Sordid Sight, e Paulo Colaço (ex-Adiafa).
O bom acolhimento da performance e da música dos Máscara foi inequívoco, e a sua prestação, como habitualmente, irrepreensível, visivelmente fruto de um aturado trabalho de preparação.
A actuação durou aproximadamente 1 hora, e incluiu 10 temas (ver setlist abaixo), o que mostra o volume de material já produzido pela banda, e que permite, a nosso ver, vislumbrar a edição de um LP a muito breve trecho...fazemos votos para que assim seja.
Tomamos a liberdade de destacar dois temas da nossa preferência, e talvez os mais fortes e marcantes deste EP, nomeadamente "Mata Mas Não Mói" e "Lixo Emocional", assinalando também como agradável surpresa deste concerto (não só em termos musicais) o recente "Ditador" (não incluído no EP).
Finalmente, não podemos deixar de referir a segurança, à-vontade, coordenação e harmonia dos elementos deste colectivo, revelando mais uma vez uma assinalável evolução relativamente a prestações a que anteriormente assistimos.
Tivemos também já oportunidade de ouvir atentamente o EP, e de colher impressões bastante positivas, das quais daremos conta posteriormente.
Foi com grande expectativa, mas principalmente com enorme entusiasmo e plena satisfação que o A Crack in the Cloud presenciou o inesquecível concerto que os GBH deram no passado sábado no Sugar Factory (Melkweg) em Amesterdão, no âmbito da tournée de promoção do seu último trabalho, Perfume and Piss, lançado em Abril passado.
Os GBH iniciaram a sua actuação perto das 21 horas, perante uma plateia repleta que correspondeu incondicionalmente desde o primeiro minuto, aos primeiros acordes de "Race against Time" (R.A.T.).
Durante cerca de 1h e 30 minutos e numa atmosfera de grande descontracção, proximidade e interactividade com o público, Colin, Jock, Ross e Scott proporcionaram uma viagem alucinante pelos mais de 30 anos de carreira da banda.
Nas filas da frente, fãs incondicionais (e de altura considerável) não se acanharam, mostrando bem não só o seu grande apreço pela banda como o bom conhecimento dos temas: o mosh, ainda que ligeiro, foi constante, assim como as invasões do palco e uns muito timidos stage dives, dificultados sem dúvida pela pouca altura do palco e pelos degraus que o separavam da plateia.
Muitas foram também as ocasiões em que Colin Abrahall estendeu o microfone a membros das filas da frente para que estes cantassem os refrões (na ponta da língua!) de alguns dos 'hinos' da banda.
Para além da longa experiência, da qualidade técnica e do profundo entrosamento da banda, visíveis ao longo de todo o concerto, o dinamismo e a enérgica performance de Colin são também dignos de menção. Apesar disso, foi com humildade que o vocalista se declarou já algo cansado após vários meses na estrada, apesar da grande satisfação que disse sentir com o sucesso da tour. Os GBH têm ainda cerca de 20 concertos agendados até ao fim do ano.
Depois de muitos temas fortes de vários momentos da sua carreira de sucesso, o concerto terminou em delírio, com o palco repleto de fãs, e uma cover de "White Riot" dos The Clash, num merecido tributo a Joe Strummer.
No final do concerto, os fãs mais acérrimos mantiveram-se junto ao palco, na esperança (vã) de ver os GBH regressar, o que nao aconteceu dado que, como Colin afirmara a contragosto, tinham de terminar para dar lugar aos DJ sets que teriam início logo de seguida.
Depois de algumas tentativas infrutíferas para conseguir a setlist (junto do pessoal do merchandising e dos técnicos de palco) abandonámos o local e rumámos ao pub mais próximo. Depois de (mais) uma pint e de dois dedos de conversa com os nossos companheiros de concerto, resolvemos regressar a casa. Eis que, à passagem pelo local do concerto, nos deparamos com Colin Abrahall que se preparava para abandonar o local.
Escusado será dizer que nos dirigimos de imediato ao vocalista e pudemos testemunhar a sua simplicidade, simpatia e cavalheirismo. Colin não só facultou de imediato a setlist do concerto como, apesar do cansaço que devia sentir, não se furtou a uma curta conversa, lamentando o facto de a banda não ter conseguido vir a Portugal no âmbito desta tournée.
Foi de facto um momento especial a terminar de forma inesperada este concerto memorável nesta calorosa cidade do norte da Europa.
Esperando que os GBH nos visitem muito em breve, aqui fica a setlist, recebida das mãos de Colin Abrahall himself, assim como um vídeo do concerto recentemente disponibilizado no YouTube, e que ilustra da melhor forma aquilo que aqui se pretendeu transmitir.
Em relação à setlist, importa dizer que a seguir a "Generals" houve ainda um encore, em que foram interpretados os temas "Cadillac One" e "Going Sideways", tendo o concerto finalizado com "White Riot", a cover dos The Clash.
As fotos são da autoria de João Miguel Silva.
(+ "Cadillac One", "Going Sideways" e "White Riot")