24 junho 2010

Festa de Lançamento de Contracultura (GAZUA): Foto-reportagem

Fotos dos Gazua da autoria de José Dinis.


A festa de lançamento de Contracultura, o terceiro álbum de originais dos Gazua, dificilmente podia ter sido melhor e constituirá decerto, pelo menos para os presentes, um dos acontecimentos musicais de 2010.

A noite estava esplêndida, e o ambiente no arejado, moderno e descontraído lounge do cinema São Jorge era de alegria e convivialidade.

A partir das 23h, e a antecipar a performance dos Gazua, o DJ Billy deu início à sua sessão, com uma selecção musical muito diversificada e num registo relativamente calmo. Da semi-obscuridade da sala destacava-se o admirável cenário da autoria de João Morais. A sala foi-se gradualmente enchendo e estava já bastante composta quando, por volta das 23.40h, se percebeu que o espectáculo estava prestes a começar.


A música ambiente cessou, dando lugar a uma interessante peça da autoria do DJ Billy que funcionou na perfeição como introdução à entrada dos Gazua. A peça consistiu numa sequência de trechos de músicos/bandas que primaram (ou primam) por uma postura/mensagem oposicional ou contracultural (tais como como Patti Smith, Dead Kennedys, Censurados, 77, Carlos Paredes/Miguel Leiria e R12), intercalados por estática de rádio, e criou eficazmente um ambiente de concentração e expectativa, estando ainda em total sintonia com o espírito desta banda.


Foi no final desta peça, e sob os aplausos da assistência, que o power trio João ‘Corrosão’, Paulinho e Corvo entrou em palco, e deu início ao que viria ser a segunda surpresa da noite (a primeira fora, sem dúvida, a original peça de DJ Billy): um texto de João Morais, “Até Quando Vamos Esperar”, declamado pelo próprio, com fundo instrumental (bateria e baixo), num registo poético mas simultaneamente de interpelação social e política, em consonância com as ideias orientadoras deste Contracultura.


Foi de facto um dos momentos marcantes do espectáculo, que continuou, em crescendo, com as novas faixas “Casa dos Fantasmas”, “Perigo Eminente” e “Preocupa-te”. De referir a adesão imediata e resposta entusiástica do público, em grande parte conhecedor da discografia dos Gazua (incluindo os temas do novo trabalho já disponíveis no site da banda no myspace).

Seguiram-se “Ouvi Falar de Ti”, “Reescrever a História”, “Revolta” e “Sair da Escuridão”.



Foi com alguma surpresa que testemunhámos a aceitação quase imediata e a resposta francamente positiva ao excelente mas bastante experimental e algo sui generis “Chamando Urano”, o que indicia uma flexibilidade e eclectismo crescentes por parte do público musical. Seguiram-se-lhe “A Mudança Que Queres Ver”, sem dúvida um dos temas fortes do novo trabalho, e “Ela era Agonia”.




“Morreu o coveiro”, a faixa de punk rock simples e límpido interpretada pelo baixista Paulinho foi também visivelmente apreciada pelo público, que a recebeu com entusiasmo e bastante efusão.


Nova surpresa estava reservada com o tema “Queremos a Música de Volta”, em que o trecho “temos de experimentar coisas novas” foi seguido de uma inesperada performance dramática de Andrea Inocêncio, intitulada "33 Crucificação-Acção",  uma figura feminina crucificada entra em cena, desperta de um sono profundo e, parcialmente desnudada, liberta-se das cordas que a aprisionam, descendo do palco e colocando-se no meio da assistência que (decerto após alguma orientação) começa a escrever no seu corpo.

De leitura pouco óbvia, este inesperado happening causou impacto, impressionou pela atitude de abnegação e de entrega incondicional aos outros, eficazmente dramatizada pela actriz/performer,   e constituiu sem dúvida mais um elemento distintivo deste espectáculo dos Gazua. Contudo, talvez tenha pecado pela duração excessiva e por desviar a atenção do público daquele que era o foco central do evento, ou seja, a actuação da banda.


Decorrida cerca de 1 hora, e depois de “Vontade de Gritar” e “Para Todos”, dois dos temas mais fortes da banda, entusiasticamente recebidos (e correspondidos) pelo público, o espectáculo terminou da melhor forma, com o emblemático “Fazia Tudo Outra Vez”.


A festa continuou no lounge do São Jorge, com uma animada sessão de punk rock preparada pelo DJ Billy, e com os membros dos Gazua, muitos dos seus amigos e fãs em alegre confraternização, e só acabou mesmo (a contragosto) por volta das 2 da manhã, com o encerramento do espaço.


Os Gazua estão de facto de parabéns, em primeiro lugar pela produção de um novo trabalho de alto nível, e também pelo sucesso desta original festa de lançamento, criteriosamente pensada e preparada e generosamente oferecida a todos os que nela quiseram e escolheram participar.

Fica o vídeo de "Fazia tudo outra vez" enquanto esperamos pelos registos do novo trabalho...
 


GAZUA | Vídeos de Música do MySpace

1 comentário:

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    Mais uma excelente reportagem, transmite muito bem o ambiente festivo vivido naquela noite, com todos os detalhes do evento que tanto agradou os presentes neste 18 de Junho tão especial que dificilmente sairá das nossas memórias.

    Parabéns pela review!


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