Fotos de João Miguel Silva.
Fotos de Asfixia por João Ouro
O TOUR NADO, a mini-tour que os Gazua – acompanhados pelos Asfixia e pelo DJ Billy - estão a realizar para promoção do novo trabalho, Contracultura, passou por Beja no passado sábado, 26 de Fevereiro, e podemos dizer que - metaforicamente falando, claro – foi de facto um verdadeiro tornado, e ficará decerto bem viva na memória daqueles que estiveram presentes.
A Galeria do Desassossego – espaço já emblemático desta cidade – caracteriza-se por um ambiente acolhedor e descontraído, que – coisa rara nesta cidade alentejana – atrai uma clientela muito heterogénea, de todas as idades e estilos. O dia 26 não foi excepção, e o espaço encontrava-se já bastante composto quando, pelas 23 horas, o DJ Billy iniciou a sua sessão.
Os Asfixia são um projecto recente mas que integra elementos com um longo e reconhecido curriculum no meio musical. Os Asfixia começaram a sua actuação por volta das 23.30h e cativaram o público heterogéneo desde o primeiro minuto.
Durante aproximadamente 30 minutos, a banda de Rui Rocker (Crise Total), Jonhie (Simbiose), Inês Menezes (Rolls Rockers) e Marden deu o seu máximo, fazendo desfilar vários temas (na sua maioria muito potentes) de um punk rock corrido, agressivo e interpelador. Por pura preferência pessoal destacamos, como particularmente fortes e catchy, “Hipocrisia” e “Asfixia”.
A performance dos Asfixia caracterizou-se também por uma adesão muito positiva do público, sem dúvida potenciada pela atitude colectiva de muita energia e entrega, assim como pela vocalista Inês que, para além de dotada de uma excelente qualidade vocal, agarra muito bem o público com a sua postura irreverente e bastante interactiva. No final, e mercê da insistência do público rendido, houve direito a encore.
(Fotos: João Ouro;
Após duas passagens anteriores por Beja, os Gazua já têm o seu núcleo de admiradores locais, que marcaram presença e participaram activa e entusiasticamente do primeiro ao último minuto de um concerto que foi de facto bastante ‘inflamado’. Contudo, como pudemos apurar em várias conversas durante a noite, muitos eram aqueles que tinham vindo de fora (por exemplo, de Santiago do Cacém) para este concerto. De referir ainda a presença de vários músicos locais (por exemplo, membros das bandas Ho-Chi-Minh, Máscara e Balão Dirigível).
Ao longo de cerca de 60 minutos, os Gazua apresentaram não só alguns dos temas mais fortes do último trabalho, Contracultura, tais como “Preocupa-te”, Casa dos Fantasmas” e “Morreu o Coveiro” (este último vocalizado pelo baixista Paulinho), assim como de trabalhos anteriores: “Mil Dedos”, “Reescrever a História”, “Turbilhões”, “Para Todos”, entre muitos outros.
Não podemos deixar de referir a excelente fase em que este colectivo se encontra, com elevada qualidade da execução, tanto em termos das performances individuais como ao nível da coordenação e consistência colectivas.
O público, como anteriormente mencionado, correspondeu da melhor forma, com muita animação (mesmo algum mosh), e alguns fãs muito jovens e entusiásticos que, na primeira fila, demonstraram saber bem os refrões e mesmo as letras na íntegra. No final, pediram – e os Gazua deram – um pouco mais da muita e excelente música que produziram nos últimos anos.
Após os concertos, a noite na Galeria continuou bastante acalorada, quase com lotação esgotada, muito convívio e muita animação, com uma adesão muito positiva e até mesmo entusiástica de um público muito diversificado às sonoridades punk rock oferecidas pelo DJ Billy.
Durante quase 3 horas, o DJ Billy agarrou completamente o público, e muitos foram aqueles que vibraram e dançaram ao som não só de ‘clássicos’ (nacionais e internacionais) como Sex Pistols, Ramones, Ratos de Porão, Clash, Misfits, The Exploited, Iggy Pop, Motörhead, Rancid, Suicidal Tendencies, Peste & Sida, Tara Perdida e Mão Morta, assim como sonoridades mais ‘alternativas’ que incluíram Oxymoron, Frontkick, Cut My Skin, No Hope For the Kids, Matanza, Punk Sinatra (ou até mesmo os locais Ventas de Exterko), e ainda Ministry, White Zombie, Slipknot, Cramps e Os Dias de Raiva, entre muitos outros.
Chegada a hora de fecho do espaço, foi com muita pena e alguns protestos que a música cessou e terminou uma verdadeiramente memorável noitada de punk rock nesta cidade alentejana. Resta-nos esperar que ela se repita em breve.